A política cambial brasileira está de mudança na sua logística e já avançou mais do que foi observado.
Desde 2005 o dólar passou a ser monitorado pelo BC com forte indução de depreciação, pouca atenção foi dada para a indústria, vivíamos então o grande “boom” das commodities que proporcionava grande vantagem na relação de troca, e, adicionalmente, o Brasil ainda apresentava demanda reprimida por parte de sua população que com a continuidade da oferta de acesso ao crédito impulsionava o consumo.
O Brasil se sentia rico, liberou controles sobre o câmbio e seus fluxos e tudo era otimismo.
O dólar com seu preço depreciado era coadjuvante do juro na contenção das pressões inflacionárias oriundas de uma política fiscal extremamente expansionista e com baixa qualidade, e gradualmente com o desestimulo à indústria que se tornou cadente, fomos perdendo força exportadora e potencializando as importações de produtos concorrentes que invadiram nosso mercado, criando emprego e renda nos países que nos exportavam.
Como a época era de “boom” dos preços das commodities, alta dos preços impulsionam o preço do dólar para baixo devido o Brasil ter uma moeda muito vinculada ao comportamento das commodities, como reação típica do mercado internacional.
Assim, tudo funcionava a contento, o país conseguia ter saldo de balança comercial bastante favorável.
O Brasil passou a ser preponderantemente um país de exportações agrícolas, e, a indústria acabou por ficar desprotegida perdendo mercado externo e interno, que resultou na desindustrialização.
Ocorre que atualmente, com o país tendo atingido crescimento muito próximo a zero e balança comercial tendente a saldo negativo e perspectivas de forte fragilização dos preços das commodities no mercado internacional, a nova política econômica do Brasil precisa focar em ambos os segmentos – indústria e commodities - para sair da inanição presente.
Então, o dólar com seu preço ajustado, promovendo o alinhamento dos preços relativos, se tornou fator imprescindível para a busca de alternativa imediata para restabelecer a atividade econômica do país, buscando evitar a queda acentuada da renda e o desemprego.
Então, tornou-se imperativa a grande guinada colocando o dólar no seu preço justo e focando a contenção inflacionária com política monetária e política fiscal contracionista.
A atividade econômica brasileira cadente ficou estagnada em outubro segundo a Serasa Experian.
Más notícias externas, como queda dos preços das commodities, com ênfase ao petróleo, tendem agora a beneficiar os países desenvolvidos em detrimento das economias emergentes e principalmente aquelas que como o Brasil estão fragilizadas.
Os ventos mudaram de lado e o Brasil precisa se preparar para minimamente suportá-los sem permitir que sua economia retroaja mais ainda e as perspectivas se tornem mais negativas.
O dólar e o seu preço terão relevante papel nos esforços para superação da letargia presente na atividade econômica, como única alternativa para reativar a indústria e prover de proteção os produtores de commodities agrícolas e metálicas, se não totalmente pelo menos mitigando parte das perdas.
O emprego na indústria acusou sua sétima queda consecutiva no mês de outubro.
A queda do preço do barril de petróleo coloca em risco os projetos do Brasil em relação ao pré-sal e na margem também a indústria do etanol. O risco fica tanto maior quando se pensa em alinhar os preços relativos que precisariam repercutir este fato.
No curto prazo, a apreciação do dólar alinhada com sua efetiva realidade no país é a única alternativa para provocar um “choque de estimulo” imediato à economia brasileira.
E o governo com seus novos gestores na área econômica precisam ser objetivos em suas sinalizações, não deixando duvidas quanto à alternativa imediata, visto que um longo período de tempo será necessário para a correção do estado deteriorado da economia brasileira.
Tombini em suas mais recentes falas foi claro em relação ao que ocorre com o preço do dólar no nosso mercado. Não há duvidas sobre a dinâmica que será adotada, falta tão somente ser referendada publicamente pelo novo futuro Ministro da Fazenda.
É interessante que há inúmeras observações sendo feitas como absolutamente necessárias para a retomada da atividade econômica e o crescimento, mas ao que tudo indica ainda não foi focado com rigor os riscos de deterioração do nosso setor externo, por isso a elevação correta do preço do dólar terá inúmeros impactos na economia de forma imediata, podendo atenuar as dificuldades que haverá para o país com as contas externas.
O nosso saldo de reservas cambiais proporciona um falso conforto, pois se a gastarmos o quadro fica mais desfavorável ainda para o país.
O fluxo cambial de dezembro em sua primeira semana de dezembro mais uma vez se revelou negativo. Atingiu liquidamente US$ 367,0 M, sendo positivo US$ 687,0 M no comercial e US$ 1,053 Bi no financeiro. No ano o saldo liquido está em US$ 4,396 Bi, apesar de terem ingressado liquidamente US$ 684,0 Bi e no financeiro especificamente o saldo liquido é de US$ 65,0 M a despeito de ingressos da ordem de US$ 475,7 Bi.
O preço da moeda americana deve encerrar o ano bem no entorno de R$ 2,60, mas neste momento não há condições de projetar-se preço para 2015, tendo em vista que há inúmeros fatores que deverão impactar a sua formação sem que possam ser quantificados neste momento.