Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 074/05/2021
- Correção após a máxima plurianual no fim de fevereiro
- Açúcar em disparada desde 1 de abril – máxima mais alta no contrato futuro de julho
- Recuperação no petróleo dá suporte ao açúcar futuro
- Valorização da moeda brasileira é positiva para a commodity
- Se o período de 2008 a 2011 servir de modelo, açúcar pode subir muito mais
O açúcar é um ingrediente essencial em muitos alimentos que consumidos diariamente. Ainda que os doces façam parte da nossa dieta, o exagero sempre gera problemas. O consumo elevado de açúcar gera pressão alta, inflamação, ganho de peso, diabetes e a doença do fígado gorduroso, além de gerar maior risco de ataque cardíaco e derrame.
Nos EUA, os açúcares adicionados respondem por 17% de todo o consumo calórico de adultos e até 14% para crianças. Os números globais provavelmente são similares. As diretrizes nutricionais sugerem limitar o açúcar adicionado a menos de 10% por dia. Dito isso, os açúcares são uma fonte energética vital, sendo a glicose a mais importante para o nosso corpo. O corpo humano requer cerca de 130 gramas de açúcar (glicose) por dia para se manter funcionando.
Mas o açúcar não é apenas uma fonte de alimentação e energia para o corpo, é também o ingrediente primário do etanol no Brasil, maior produtor e exportador mundial de cana-de-açúcar.
O açúcar é uma matéria-prima essencial. Muitos países ao redor do mundo, inclusive EUA e União Europeia, subsidiam a produção doméstica de açúcar, pois consideram que sua oferta é uma questão de segurança nacional. A oferta de açúcar vem de duas fontes, a cana-de-açúcar, que requer um clima tropical, e de beterrabas, que podem crescer em outras regiões.
O açúcar é um produto agrícola altamente volátil. Desde o início dos anos 1970, o preço do açúcar futuro saiu de 2,2 centavos para a máxima de 66 centavos por libra. Desde a virada deste século, a faixa de negociação tem sido de 4,62 a 36,08 centavos por libra. A 16,98 centavos por libra no contrato futuro de julho na ICE na sexta-feira, 30 de abril, o preço estava abaixo da média das últimas duas décadas.
Correção após a máxima plurianual no fim de fevereiro
Após realizar uma reversão altista no gráfico semanal no fim de abril de 2020, o açúcar subiu de forma constante, registrando mínimas e máximas ascendentes até alcançar o nível mais alto em quatro anos no fim de fevereiro de 2021.
Gráficos: cortesia de CQG
O gráfico semanal destaca a alta para 18,94 centavos por lb durante a semana de 22 de fevereiro, quando o rali perdeu força. O açúcar atingiu seu pico na rolagem do contrato de março para maio em um backwardation, evento em que o contrato mais próximo é negociado com prêmio sobre o com entrega posterior. O backwardation é um sinal de oferta restrita no futuro próximo.
O preço corrigiu e foi abaixo de 15 centavos, tocando o fundo a 14,67 em 1 de abril.
Após disparar novamente ao longo de abril, os indicadores de momentum e força relativa cruzaram para cima e estavam em condição neutra ao final da semana passada. As posições em aberto no mercado de açúcar futuro caíram de 1.067.529 contratos no dia em que registrou mínima, em 1 de abril, para 1.000.289 ao final do mês. Quando o preço de um mercado futuro sobe, a queda nas posições em aberto não é uma validação técnica de uma emergente tendência de alta.
A correção começou após o açúcar estabelecer um topo duplo no contrato com vencimento em julho no fim de fevereiro.
Açúcar em disparada desde 1 de abril – máxima mais alta no contrato futuro de julho
Embora o contrato mais próximo tenha alcançado quase 19 centavos, o backwardation fez com que o papel com vencimento de julho tocasse o pico a 16,73 centavos no fim de fevereiro.
O gráfico diário mostra que a máxima do açúcar foi tocada em 22 e 23 de fevereiro, formando um topo duplo. O preço caiu ao longo de março, alcançando 14,67 centavos no fundo de 1 de abril. Após subir durante o mês de abril e atingir nova máxima mais alta a 17,05 centavos em 22 e 23 de abril, ultrapassou o pico de fevereiro no contrato para julho, sem, contudo, aproximar-se da máxima do contrato contínuo neste ano. O topo duplo em 22 e 23 de abril não conteve os preços, que subiram para 17,79 centavos em 27 de abril, antes de corrigir.
No entanto, diversos fatores podem negar a liquidação no fim de abril e a queda nas posições em aberto, impulsionando o açúcar até desafiar a máxima de 18,94 centavos e talvez níveis mais elevados nos próximos meses.
Recuperação no petróleo dá suporte ao açúcar futuro
Apesar de o açúcar ser um alimento, também é o principal ingrediente do etanol no Brasil. Os EUA são os maiores produtores e exportadores mundiais de milho. Naquele país, o milho é o insumo do etanol, ao passo que, no Brasil, é a cana-de-açúcar. Os preços mais elevados da gasolina fazem com que os biocombustíveis fiquem mais caros. Nos EUA, a adição de etanol na gasolina é obrigatória. No Brasil, muitos carros rodam apenas com o biocombustível.
O gráfico do contrato futuro contínuo da gasolina mostra uma alta de 37,6 centavos por galão no atacado em março de 2020 até a máxima recente de US$ 2,17 em março. Os preços da gasolina têm permanecido no nível de US$ 2 por galão durante todo o mês de abril, enquanto o mercado consolida os ganhos do ano passado. Eles estavam um pouco abaixo de US$ 2,07 em 30 de abril. A resistência técnica de longo prazo está perto de US$ 2,30, que pode abrir espaço para o nível de US$ 3. A demanda de gasolina em 2021 será muito maior do que em 2020, já que as vacinas criam imunidade de rebanho contra a Covid-19.