Após encontrar suporte na região de R$4,050 na sessão de ontem, o dólar voltou a ganhar força e fechou o dia em R$4101, perto da máxima do dia, em R$4110. O movimento parece refletir o fim de uma breve onda de otimismo global, encerrado nesta madrugada conforme diferentes indicadores macroeconômicos dão novos sinais de deterioração das principais economias do mundo – o que, em linhas gerais, deve se refletir em um aumento no preço do dólar negociado no Brasil.
Na China, a deflação nos preços de produtos industriais atingiu o nível mais alto em anos; a produção industrial da França e da Itália – duas das principais economias da Europa –tiveram queda; pedidos de maquinário industrial no Japão registram diminuição de 38% na comparação ano-a-ano. As principais bolsas da Europa, salvo o DAX (Alemanha), operam em queda, assim como os índices futuros das principais bolsas dos EUA – lembrando que a Nasdaq e o S&P 500 encerram a sessão de ontem em território negativo.
No mercado de câmbio internacional, o Euro perde força frente ao dólar e volta a cair após ter mostrado força na tarde de ontem, mas segue acima do patamar simbólico de US$1.10. Os dois principais índices de força da moeda americana, o Dollar Index (DXY) e o Dow Jones US Dollar Index (USDOLLAR) registram uma alta modesta; o Volatility Index (VIX), que mede o grau de aversão ao risco de investidores dos EUA, também cresce no momento – apesar de continuar num patamar considerado baixo, em torno de 16.
Agenda
O calendário econômico para a sessão de hoje traz apenas dois eventos importantes. Primeiro, às 11h (Horário de Brasília) serão divulgados dados sobre a abertura de novos postos de trabalho nos Estados Unidos, publicado pelo próprio governo (U.S. JOLTS Job Openings – Impacto 3/3) e às 17h30 o American Petroleum Institute (API) disponibilizará dados sobre o estoque de óleo não-refinado no país (U.S. API Weekly Crude Oil Stock – Impacto: 3/3). Os dados publicados nos dois eventos são disponibilizados gratuitamente e em tempo real pelo site Investing.com (www.investing.com).
No primeiro caso, se o número de postos gerados for acima do que foi previsto por especialistas, temos um cenário de fortalecimento do dólar, e consequentemente um aumento no preço da moeda, já que isso indica expansão do mercado de trabalho. Caso venham abaixo do esperado, o mais provável é observar uma desvalorização da mesma. No caso do estoque de petróleo, caso venha abaixo do esperado, temos um sinal de força do dólar, na medida em que essa queda no estoque reflete uma maior demanda por parte de fábricas e indústrias; caso venha acima da expectativa, temos um cenário oposto.
Cenário técnico
Após fechar abaixo da média de preço simples dos últimos 20 dias na sessão de sexta-feira (6), o dólar recuperou força na segunda-feira a despeito de um cenário relativamente favorável ao real – com o Euro e os índices de força do dólar mostrando recuo durante parte do dia. O preço, que fechou ontem ligeiramente acima do patamar de R$4.10, deve agora buscar se consolidar na região acima de R$4.050 e provavelmente testar novas altas na sessão de hoje.
Possíveis pontos de suporte são R$4,089; R$4077 e R$4,066 – zonas de alta atividade em sessões anteriores. Não arrisco apontar aqui um possível ponto de resistência para o preço, que ontem se formou em torno dos R$4.100; me limito a dizer que, considerando o indicador técnico Average True Range (ATR, 14 períodos), não me parece demais especular que o preço teste agora a região de R$4.150, conforme se desenrolarem as variáveis externas. Como sempre, é bom ter cautela por volta das 10h30, horário de abertura do mercado dos EUA.