Assim como o preço da moeda americana continuará sendo apreciado por inevitável face ao quadro amplamente adverso ao país no setor externo, não por causa dos “outros”, mas devido aos próprios méritos “negativos” do Brasil.
Neste momento, o contexto do câmbio e fluxos no seu entorno fazem do BC refém da sua própria política intervencionista no mercado de câmbio através os instrumentos financeiros “swaps cambiais” que se presta a “comprar credibilidade” para a moeda nacional, que por si só não a detém atualmente.
Os “swaps cambiais” que desde agosto de 2013 até recentemente mantiveram poder de fogo no monitoramento ostensivo das pressões altistas em torno da moeda americana, atualmente evidenciam ter perdido este poderio até porque houve o atendimento de grande parte da demanda efetiva por “hedge”, mas ainda assim tem um relativo impacto atenuante evitando que haja explosão no preço com a rolagem e uma oferta adicional mensal.
A interrupção das rolagens e oferta adicional mensal abrupta provocaria a imediata apreciação do preço da moeda americana com grande intensidade.
Desta forma, até que novas políticas sejam definidas para o país focando a retomada do crescimento, rigor fiscal, controle eficaz das tendências inflacionárias, etc e provoquem mudança conceitual dos investidores a respeito das perspectivas para o país, em especial dos estrangeiros, nada poderá ser alterado na condução da política cambial presente.
Se houver acertos e o país recuperar a credibilidade e atratividade perante os investidores estrangeiros, provocando fluxos líquidos de recursos externos para o Brasil, então haverá possibilidade de gradualmente ir sendo desarmada a expressiva intervenção do BC no mercado de câmbio, com a redução metódica das ofertas de novos contratos e rolagens de swaps cambiais.
A dimensão da intervenção que está atingindo estoque “em ser” no mercado de US$ 100,0 Bi já foi objeto de manifestação do BC dias atrás, quando afirmou que não há limite. Evidentemente que a autoridade não vai afirmar que é refém da estratégia que utilizou e que neste momento não tem volta, o que torna imperativa a continuidade.
E isto ocorrerá com a situação sendo reeleita ou a oposição sendo eleita, não é só uma questão de troca de políticos, mas fundamentalmente de troca de políticas e obtenção de resultados objetivados.
Por isso, temos afirmado que com oposição ou situação no governo o preço da moeda americana subirá, pois o câmbio é um problema que requer equacionamentos de novas políticas, resultados e tempo de maturação para reverter a visão pessimista atual dos investidores estrangeiros, e não só isto, mas a recuperação desafiadora da balança comercial, redução do déficit em transações correntes, etc..., pois, a reversão do quadro atual não ocorrerá baseada em anseios, mas sim, necessariamente, em realidades efetivas que precisarão ser construídas para promover a atratividade e o ingresso de grandes volumes de recursos externos líquidos.
Subirá de forma mais comedida com a manutenção da política de oferta de “swaps cambiais”, que se não terá mais a capacidade para inverter a tendência de apreciação do preço da moeda americana ainda poderá se prestar a amortecer um pouco a intensidade da apreciação.
Não acreditamos em interrupção do programa de oferta de swaps cambiais, pois a contrapartida seria a apreciação fortíssima do preço da moeda americana e de forma abrupta.
E, também, o BC deverá continuar utilizando os bancos como geradores da liquidez do mercado à vista, até quando possível, pois há o risco de que se tiver necessidade de fazer leilões à vista de dólares das reservas cambiais brasileiras, abrir espaço para movimento especulativo sobre a moeda nacional.
O mercado financeiro pode até entender que se a oposição for eleita as possibilidades de introdução de novas políticas terão ambiente mais favorável, mas não a ponto de precificar isto de forma imediata, pois será algo possível a médio/longo prazo desde que as novas políticas tenham respostas positivas aos seus objetivos.
O Brasil ainda deverá enfrentar momentos de perturbações no câmbio, havendo a perspectiva de redução dos ingressos, inclusive de IED´s, e acentuado aumento de saídas de recursos do país.
O receio em torno do deslocamento de recursos do país para o mercado americano em razão de eventual mudança da política monetária americana pelo FED, com as perspectivas de crescimento menor pode estar sendo aliviado, contudo, esta perspectiva ruim está sinalizando deslocamento de recursos por questões de segurança, qualidade de risco, para os títulos americanos, em especial o T-Bills de 10 anos que, sob forte demanda, estão se valorizando e fechando a curva de remuneração “yield” no entorno de 2%, enquanto as bolsas mundiais sinalizam fuga de investidores.
Nos últimos 8 dias uteis (até o dia 10) deste mês o Brasil registrou saída liquida de recursos financeiros de US$ 2,470 Bi, o que pode ser um sinal de tendência.
O fluxo cambial no mês até o dia 10 está negativo em US$ 2,070 Bi (US$ 2,470 Bi negativos no financeiro e US$ 400,0 M positivos no comercial) e no fluxo do ano também está negativo em US$ 727,0 M ( US$ 4,615 Bi negativos no financeiro e US$ 3,888 Bi positivos no comercial).
Os bancos registravam até aquela data estimada posições vendidas de US$ 19,233 Bi decorrentes da geração de liquidez para o mercado a vista, ancoradas em linhas de financiamentos externas que representam 5,10% das reservas cambiais brasileiras. A formação do preço da moeda americana está mixando tendências eleitorais com tendências externas e internas, mas em perspectiva deverá acentuar a tendência de apreciação frente a moeda nacional, independente de quem venha a ser eleito.