- Preços do petróleo esboçaram certa reação após a reunião da Opep+;
- Opep+ reafirmou compromisso de cortar a produção, gerando expectativas de recuperação dos preços;
- Recomposição das Reservas Estratégicas de Petróleo nos EUA pode ajudar a respaldar os preços de forma moderada.
Após três dias seguidos de quedas, o petróleo finalmente esboçou uma reação na quinta-feira, 16. Os operadores fugiram do mercado petróleo, após o aparecimento de problemas recentes em bancos dos EUA, como o SVB e o Signature Bank, bem como o imbróglio do Credit Suisse (SIX:CSGN), o que acabou disseminando o medo de um contágio no sistema financeiro e, por conseguinte, de uma recessão.
No fim do pregão de quarta-feira, 15, os barris de Brent e WTI acumulavam perdas de 10% e 14%, respectivamente, na semana.
Mas, finalmente, a Opep+ acabou tomando uma ação. O ministro Alexander Novak, da Rússia, voou para Riad, a fim de se encontrar com o ministro do petróleo e príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Saud, a fim de discutir a situação do mercado.
Não se discutiu qualquer alteração no acordo de produção da Opep+; ao contrário, eles reafirmaram o compromisso atual de extração, que inclui um corte de 2 milhões de barris por dia (mbpd) que durará até dezembro de 2023.
Posteriormente, vários delegados da Opep disseram aos repórteres que, na avaliação do cartel, a queda de preços era uma questão financeira por natureza, e não tinha a ver com a dinâmica de oferta e demanda. A expectativa da organização é que os preços se recuperem em breve.
A questão é: em breve quando?
Além disso, os Estados Unidos têm a oportunidade de começar a recompor sua Reserva Estratégica de Petróleo. O governo Biden reduziu bastante o armazenamento emergencial no ano passado e no início deste ano, quando vendeu um grande volume do produto na tentativa de fazer os preços da gasolina caírem antes das eleições de meio de mandato.
A atual administração se comprometeu a reabastecer as reservas estratégicas com petróleo de empresas americanas, quando o preço do WTI ficasse abaixo de US$ 67 por barril. Na quarta-feira, o WTI atingiu a mínima de US$ 66,47.
Essa ação, neste momento, poderia ajudar a respaldar a cotação do barril, na medida em que retira oferta do mercado. No entanto, se a Opep+ estiver certa e o declínio for puramente financeiro, é provável que a redução de oferta não ajude a aumentar os preços de forma significativa. As reservas estratégicas são um instrumento ineficiente de gestão de preços, mas um anúncio oportuno em relação a compras de petróleo poderia contribuir para afastar o sentimento negativo do mercado neste momento.
No entanto, mesmo que o governo Biden decida reabastecer as reservas, é pouco provável que o anúncio promova de forma significativa os preços. Afinal, a Opep+ só conseguiu elevar o mercado em 1% com seus compromissos.
O papel dos EUA não é administrar os mercados petrolíferos. No entanto, as reservas estratégicas precisam ser reabastecidas com a chegada do verão local, quando aumentam as necessidades de venda do produto.
Se os preços do WTI permanecerem abaixo de US$ 68 por algumas semanas, os investidores devem ficar atentos a um possível repique dos preços, devido às compras de reabastecimento das reservas estratégicas dos EUA, mas essa alta deve ser limitada.
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Aviso: A autora atualmente não possui nenhum dos ativos mencionados neste artigo.