O dólar encerrou ontem em forte queda contra o real, refletindo esperanças de participantes do mercado de que a PEC dos Precatórios avançará no Congresso, com expectativas de juros mais altos no Brasil e dados de inflação dos Estados Unidos também no radar. O dólar negociado no mercado interbancário caiu 0,91%, a RS$ 5, 4911. A moeda brasileira à vista teve o segundo melhor desempenho contra o dólar entre as principais divisas globais. No exterior, o Índice Dólar contra uma cesta de moedas fortes oscilava entre estabilidade e leve queda. Investidores apontaram o ambiente global como benigno para ativos considerados arriscados.
A PEC, que altera a regra do teto de gastos do Brasil, é vista por alguns participantes do mercado como a alternativa menos danosa à saúde fiscal do país. A PEC adia o pagamento de dívidas judiciais e muda a correção do teto de gastos o que, na prática, abrirá espaço de R$ 91,6 bilhões para gastos no ano que vem, em que o presidente Jair Bolsonaro deverá tentar a reeleição. O governo afirma que usará os recursos para o Auxilio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família, mas a proposta é criticada porque a folga também será usada para o pagamento de emendas parlamentares.
A Câmara dos Deputados aprovou ontem uma emenda que retirou do texto da PEC dos Precatórios dispositivo que pretendia alterar a chamada regra de ouro. O trecho permitiria "contornar" a regra de ouro por meio de lei orçamentária e não apenas por créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, como determina a Constituição atualmente. Com isso mercado reagiu bem.
Investidores de todo o mundo estão à espera da divulgação hoje de dados de inflação norte-americanos, que podem oferecer pistas sobre quando o Federal Reserve elevará os juros.
O banco central dos EUA já anunciou a redução de suas compras de títulos de 120 bilhões de dólares por mês, mas disse em sua última reunião de política monetária que terá paciência em relação à elevação dos custos dos empréstimos. A manutenção de juros baixos na maior economia do mundo é vista como favorável a ativos arriscados, como moedas de países emergentes.
A inflação na zona do euro deve cair abaixo de 2% no final do próximo ano, mas o Banco Central Europeu deve se preparar para um cenário menos benigno, evitando longos compromissos com a política monetária já que os riscos altistas dominam, disse nesta terça-feira Klaas Knot, membro do banco. As declarações de Knot foram feitas apenas semanas antes de o BCE decidir sobre a redução de seu Programa de Compras Emergenciais da Pandemia de 1,85 trilhão de euros, devendo também avaliar se eleva outras ferramentas.
Para hoje vamos acompanhar IPCA, fluxo cambial, e confiança do consumidor no Brasil. Nos EUA o Núcleo de Preços ao Consumidor (CPI) mede a evolução dos preços de bens e serviços, além dos pedidos iniciais por seguro desemprego.