Os investidores do petróleo esperam que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), consiga reanimar o mercado durante seu pronunciamento no simpósio de Jackson Hole, em Wyoming.
Quem aposta na baixa, entretanto, espera que a elevação da produção de petróleo nos EUA continue neutralizando as restrições de oferta e os picos repentinos de demanda.
Independentemente do resultado dessas questões, os preços do petróleo podem seguir consolidados nas próximas semanas, pois ambos os lados aguardam um vetor perfeito que favoreça suas posições, em meio ao encerramento da temporada de viagens de carro nos EUA e a ameaças às perfurações no shale.
Há algumas semanas, os preços do petróleo apresentaram uma das maiores volatilidades já vistas, devido à guerra comercial entre EUA e China, que tem feito a commodity oscilar feito um ioiô.
A volatilidade pode continuar
Embora as oscilações de preços nas últimas semanas possam continuar, também é possível haver padrões menores de zigue-zague intradiários.
Exemplo claro disso foram os movimentos de preço do petróleo na terça e na quinta-feira, quando a variação foi apenas 0,25%, mais ou menos. Por outro lado, as oscilações na segunda e na quarta-feira foram de 2,4% e 1,2%, respectivamente, quando o mercado disparou primeiro por causa de uma inversão na curva de juros dos EUA, neutralizando os temores de uma recessão, e depois caiu quando as atas da reunião do Fed realizada em julho reduziram a probabilidade de cortes de juros mais profundos.
Com a chegada do fim da temporada de viagens automotivas de verão nos EUA, marcada pelo feriado do Dia do Trabalho, em 2 de setembro, os investidores do mercado estão se agarrando a qualquer suporte que puderem encontrar.
Contudo, o mais provável é que o mercado siga de lado se o Fed não recorrer aos cortes de juros que eles esperam ou se o enfrentamento comercial entre EUA e China continuar afetando a economia mundial e a demanda implícita do petróleo.
Indicação de “Forte Venda” no WTI e “Venda” no Brent
O Investing.com tem recomendação de “Forte Venda” para o petróleo West Texas Intermediate em sua Perspectiva Técnica Diária, projetando suporte em US$ 54,79 por barril, com base no fechamento de quinta-feira, a US$ 55,35.
Já para o Brent, referência para o petróleo fora dos EUA, a recomendação é de “Venda”. A Perspectiva Técnica Diária do Investing.com projeta suporte em US$ 59,29 por barril, considerando o último fechamento de US$ 59,92.
Do ponto de vista dos fundamentos, as projeções de demanda do petróleo não são nada promissoras, embora restrições de oferta possam seguir dando suporte em níveis inferiores. Por isso, a previsão é de um cenário de negociação consolidado, com eventuais picos de preço.
Olivier Jakob, fundador da consultoria de petróleo Petromatrix, em Zug, Suíça, observou, na quinta-feira, que as importações petrolíferas dos EUA provenientes da Arábia Saudita continuaram bastante baixas, com 406.000 barris por dia acima da média de quatro semanas. As exportações norte-americanas de petróleo, por outro lado, mantiveram-se estáveis a 2,48 milhões de barris por dia (mbpd), mas bem abaixo da máxima da média de 4 semanas de 3,4 mbpd em junho.
Produção petrolífera dos EUA não dá trégua
E a Agência de Informações Energéticas dos EUA (EIA, na sigla em inglês) divulgou que a produção de petróleo nos Estados Unidos não tem dado trégua há três semanas consecutivas, a 12,3 mbpd. Segundo Jakob, da Petromatrix:
“As exportações petrolíferas dos EUA estão cerca de 1 mbpd abaixo da capacidade apresentada ultimamente, justamente no momento em que a capacidade dos oleodutos para o Golfo norte-americano está aumentando."
“Se os EUA não começarem a acelerar o ritmo das exportações de petróleo, será difícil evitar um acúmulo de estoques em outubro, quando há uma queda sazonal na operação das refinarias norte-americanas (além da venda de Reserva Estratégia de Petróleo).”
Vendidos também se preocupam no país do shale
Para os vendidos em petróleo, o mais preocupante é a desaceleração nas perfurações no shale, que pode acabar impactando a produção norte-americana.
Os produtores das bacias de shale ricas em petróleo estão revisando os planos de crescimento diante da grande variedade de problemas que estão prejudicando os retornos e mantendo o ceticismo dos investidores, informou a Bloomberg no mês passado.
São várias as limitações, de acordo com a reportagem, que citou as restrições em oleodutos, o fluxo reduzido de poços perfurados muito próximos, os preços baixos do gás natural e os elevados custos com terras.
A agência de notícias afirmou também:
“Porém, o mais importante é que a produção em poços de shale está caindo em ritmo acelerado, alcançando 70% no primeiro ano, exigindo gastos cada vez maiores para manter a produção em novos poços”.