Após começar a sessão de ontem ganhando força e fazendo máxima na R$4.135 o dólar recuou e encerrou o dia abaixo da média simples dos últimos 20 dias, em R$4.086,50. O movimento de queda veio na esteira de dados decepcionantes sobre o mercado de trabalho nos EUA (JOLTs Job Openings), mostrando que a criação de novas vagas de emprego veio 94 mil postos abaixo daquilo que era esperado. No gráfico diário, a moeda americana deixou um candle que indica clara fraqueza para a sessão de hoje, com volume superior ao das últimas oito sessões.
Na Europa, o euro acumula uma expressiva queda na sessão de hoje, após leve recuperação na tarde de ontem graças aos dados mencionados acima, que enfraqueceram seu principal rival, o dólar. O movimento reflete a alta probabilidade de que o Banco Central Europeu anuncie, amanhã, a decisão de realizar novos cortes na taxa básica de juros para do mercado comum da Europa, o que pressiona o preço do Euro para baixo e fortalece o preço do dólar. Por outro lado, a medida também aumenta as chances que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) também siga pelo mesmo caminho e anuncie cortes na taxa de juros semana que vem.
As principais bolsas do continente operam em alta, embora as cotações futuras das bolsas norte-americanas amanheçam levemente positivas. No segundo caso, trata-se de reflexo da tensão com a China, que decidiu não incluir produtos agrícolas na lista de itens que serão poupados de tarifas – lembrando que fazendeiros/as, uma das bases eleitorais de Donald Trump, são a categoria mais afetada pela guerra comercial sino-americana.
No mercado internacional de câmbio, os principais índices de força do dólar amanhecem em alta, assim como o Volatility Index (VIX), indicador da S&P que mede o grau de aversão ao risco de grandes investidores/as (que, contudo, permanece num nível considerado baixo). Ambos fatores sublinham a probabilidade de ganhos no preço do dólar em detrimento de um possível avanço nos mercados acionários.
Agenda
Mais uma vez, em meio a esse cenário misto, os dados da economia americana devem ditar o tom da sessão de hoje. Logo às 9h30 será divulgado o Producer Price Index (PPI, impacto 3/3), que mede a mudança nos preços de produtos manufaturados oferecidos direto da fábrica – um indicador de inflação altamente relevante. Um valor acima do esperado é considerado positivo para o dólar, ao passo que um abaixo do esperado sinaliza possível deflação e é, portanto, negativo para o dólar. Às 11h, serão divulgados dados oficiais do governo a respeito do estoque de petróleo não-refinado nos EUA (U.S. Crude Oil Inventories, impacto 3/3), um indicador fundamental para avaliar a expansão ou retração do setor industrial do país: uma quantidade acima do esperado indica baixa demanda por combustível e é negativa para o dólar, uma quantidade menor indica o oposto.
Ambos indicadores são disponibilizados gratuitamente e em tempo real pelo Investing.com (www.investing.com).
Cenário técnico
A depender do ponto de abertura do dólar na sessão de hoje no Brasil, dois pontos de suporte chamam a atenção pela alta atividade que concentraram em pregões passados. O primeiro deles é em torno de R$4.065 e o segundo é em torno de R$4.050, ponto no qual o preço fez mínima na sessão de segunda-feira antes de voltar a subir com vigor. Em caso de alta no preço, a região de máxima de ontem (R$4.130-4.135) pode voltar a ser testada hoje. Como o indicador average true range (ATR, 14 períodos) apresenta um valor relativamente alto (51.6 pontos), há espaço para grandes oscilações, então é bom ter cautela e ter atenção com a abertura do mercado americano às 10h30.