A pandemia, de fato, trouxe novas investidoras para o mercado. A necessidade de planejar as finanças ficou exposta diante da grave crise econômica pela qual passamos e isso, de certa forma, contribuiu em um primeiro momento para a melhora do indicador.
Hoje somos mais de 924 mil investidoras, porém algo tem chamado a atenção e eu gostaria de falar sobre este assunto emblemático na Semana da Mulher.
Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey em parceria com a Fundação Lean In, as profissionais mães de crianças pequenas têm sofrido de forma particular durante a pandemia. Isto por conta da necessidade de conciliar os cuidados com os pequenos e o trabalho.
De acordo com o relatório, uma em cada quatro mães com emprego (25%) pensa em reduzir a jornada de trabalho ou pedir demissão. No caso dos homens, tal questão só representa problema para 11% dos consultados.
Os dados foram compilados a partir do comportamento do povo americano, porém, ajudam a ilustrar um pouco do que ocorre no Brasil e no mundo. Você que está lendo este artigo provavelmente conhece alguma mulher que tem enfrentado dificuldades para conciliar vida doméstica e profissional.
Neste sentido, menos horas de trabalho ou simplesmente um pedido de demissão significam menos renda e isso tem causado prejuízos que podem ser irreparáveis para as vidas dessas mulheres. Isto por conta da perda de capacidade financeira. Com menos dinheiro, não sobra o suficiente para investir e planejar o futuro.
Uma matéria recente do Valor Investe ajuda a ilustrar o que eu digo. Segundo a reportagem, o ritmo de mulheres que investem tem aumentado, mas lentamente. Além disso, ela também explica que nos últimos dez anos a participação feminina na bolsa de valores aumentou somente um ponto percentual.
Eram 25,3% em 2012 e hoje representam 26,7%. Durante o período, a proporção de investidoras caiu por seis anos seguidos e desde 2018 tem subido.
Ao mesmo tempo, as meninas são maioria entre a população brasileira (51,1%, IBGE) e representam boa parte da força de trabalho do país.
A pergunta que fica é: apesar dos avanços, estamos no caminho certo? O que pode ser feito para a melhora desse cenário?
A resposta passa pelo contexto familiar da mulher e pela sociedade como um todo (incluindo empresas e governos). É importante que todos compreendam que este é um problema universal e mecanismos de mudança sejam criados. O ESG está aí para provar. Porém, ainda temos um longo caminho a percorrer.
Palavras bonitas e ações de marketing ajudam, mas o momento pede mais “ação” e menos promessas. Até o próximo artigo!