Por Jesse Cohen
Os players do mercado de óleo vêm se debatendo com uma questão-chave: o preço da commodity está se acomodando ou veremos um novo colapso com quedas em 2016?
Na última sexta-feira (13/11), os futuros de petróleo WTI fecharam a US$ 40,70/barril, enquanto o Brent encerrou a US$ 44,50. Há 18 meses, em junho de 2014, o barril era negociado acima de US$ 100.
Neste ano, os preços do WTI e do Brent caíram quase 18%. Na comparação com junho de 2014, o futuro do óleo perdeu, aproximadamente, 60%. É um forte declínio e não existe motivos para acreditar que estamos no fim dessa queda.
Por causa de cinco pontos pessimistas, que hoje dominam o mercado, acredito que o preço do óleo cairá no próximo ano, flutuando entre US$ 25 e US$ 35 o barril.
1) A produção global de óleo está aumentando acima da demanda, após o boom de extração de shale oil nos EUA e seguindo a decisão da Opep, do ano passado, em não cortar a oferta de óleo (veja gráfico abaixo). De acordo com as estimativas mais recentes, os países da Opep produziram, aproximadamente, 31,64 milhões de barris/dia em outubro, volume muito próximo ao recorde histórico, com os principais países, como a Arábia Saudita (veja a análise, em inglês), focando em garantir seu market share mantendo a produção elevada.
2) A oferta da Opep deverá aumentar com a retomada da produção do Irã, após a retirada das sanções econômicas internacionais no início do próximo ano, parte do acordo nuclear firmado em julho com as potências ocidentais. Teerã quer dobrar as exportações de óleo para 2,3 milhões de b/d em meados de 2016, aumentando o excesso de óleo que hoje derruba o preço.
3) Preocupações com a alta oferta norte-americana, apesar de um declínio na contagem de sondas em operação, também é um fator pessimista para os preços do óleo no próximo ano.
De acordo com a Baker Hughes (N:BHI), o número de sondas de perfuração em operação nos EUA ficou estável em 574 na última semana, valor próximo ao mínimo desde junho de 2010 (veja o gráfico abaixo). Nas últimas 11 semanas, perfuradores nos Estados Unidos cortaram 101 sondas. Ironicamente, a queda da contagem de sondas nos país é, geralmente, um sinal para elevação de preços, pois aponta para uma produção menor no futuro.
A produção nos EUA, contudo, permanece estável em cerca de 9 milhões de barris/dia no último ano, volume próximo ao máximo desde o início da década de 1970. Ao mesmo tempo, o estoque de petróleo está em um patamar superior ao registrado para esta época nos últimos 80 anos.
4) Adiciona-se ao sentimento pessimista o arrefecimento da economia global, que alimenta as preocupações de que a sobreoferta mundial de óleo pode permanecer por um período maior do que o anteriormente projetado.
As preocupações generalizadas sobre a solidez da economia chinesa – e seu impacto na demanda de óleo – também se mantêm como um fator importante para o mercado da commodity. A China deverá apresentar o pior resultado anual de crescimento desde a crise mundial.
O resultado de três trimestres do PIB chinês veio a 6,9%, abaixo da meta de 7% estabelecida pelo governo do país. A produção industrial, divulgada na quarta-feira passada (11/11), ficou abaixo das expectativas e está claramente reduzindo seu ritmo; investimentos em ativos também se achataram. O analista Cam Hui aponta (veja a análise, em inglês) que o tradicional motor de crescimento da China – exportação da indústria e gastos em infraestrutura – “está desacelerando em diversas dimensões”.
A alta da demanda aparente de óleo da China reduziu para 226,5 mil b/d em setembro, mais fraca taxa de crescimento nos últimos oito meses. O país é o segundo maior consumidor mundial de óleo, atrás dos EUA, e tem sido o principal driver do crescimento da demanda.
5) O preço do óleo também deverá enfrentar ventos contrários provocados pelo fortalecimento do dólar, assim que o FED iniciar o aumento da taxa de juros e reduzir a política de incentivos monetários. A mudança de política, que muitos acreditam que ocorrerá em dezembro, deverá fortalecer o dólar e fazer com que os preços do óleo – baseados na moeda norte-americana – fique mais caros para compradores em outras moedas.
Esses fatores indicam que um reequilíbrio entre a oferta e a demanda está distante, determinando que os preços do óleo permaneçam baixos por um longo período.
Análises técnicas apoiam essa visão. Após bater a linha tendência mínima desde 1999, os sinais pessimistas apontam que não há sinal claro de sustentação de preços até o patamar de US$ 25/b a US$ 30/b.
Baseados em diversos sinais técnicos e fundamentalistas no amplo espetro econômico, acredito que os preços seguem sua espiral de queda até se bater US$ 25/d em 2016.