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Cobre Tem Excelente Primeiro Trimestre, Mas a Venda Pode Ganhar Força Novamente

Publicado 03.04.2019, 04:33
Atualizado 02.09.2020, 03:05
HG
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Pode ser que o melhor momento para comprar cobre nunca chegue.

O metal industrial, usado na fabricação de tudo, desde cabos de telefone até turbinas de força, foi uma das estrelas do primeiro trimestre, valorizando-se 11% com rumores de que a economia mundial poderia acabar tendo uma sorte melhor do que a imaginada neste ano.

Mas, em vez de continuar seu rali, os preços do cobre podem acabar sofrendo um crash diante das preocupações com o estímulo aparentemente inadequado da China às commodities neste ano, visando sua própria recuperação.

O cobre encerrou o ano passado com uma desvalorização de 20%, uma das suas piores quedas anuais de todos os tempos.

O Bank of America (BoA) é uma das instituições que abriram posição de venda no metal de base e não tem vergonha de falar sobre isso.

De acordo com o banco de Wall Street, o problema do cobre está em sua oferta-demanda geral, não apenas no estímulo desapontador da principal compradora de metais, a China.

O cobre pode perder US$ 300 por tonelada no curto prazo

Os futuros de cobre para três meses na Bolsa de Metais de Londres (LME) atingiu a máxima de nove meses a US$ 6.544 por tonelada no primeiro dia de pregão do segundo trimestre, nesta semana, antes de recuar para cerca de US$ 6.460 na sessão de quarta-feira.

Na Bolsa de Commodities (Comex) de Nova York, os futuros de cobre nos EUA sofreram vários meses para romper a importante resistência de US$ 3 por libra.

O BoA declarou que iniciou uma operação de venda em cobre na LME a US$ 6.489 e prevê que o metal pode se desvalorizar US$ 300 no curto prazo. A lógica da operação é a seguinte:

“A perda de otimismo no perfil de crescimento da demanda no curto prazo, além da ausência de interesse discricionário e o aumento da taxa de atratividade para CTAs manterem sua posição são fatores que conspirarão para fazer com os preços caiam nos próximos meses.”

“Vemos um perfil de risco-retorno favorável para a operação, com stop em US$ 6.610 e alvo em US$ 6.150.”

Estímulo chinês menos intenso em commodities gera preocupação

O BoA cita o estímulo chinês com menor intensidade em commodities do que muitos participantes do mercado esperavam e haviam se preparado, além de preocupações com a desaceleração mundial, que reduziu o apetite pelo risco, como fatores que poderiam fazer com que o cobre caísse para US$ 6.100 no futuro próximo.

As medidas de estímulo da China, entre as quais se destacam as promessas de despesas com infraestrutura, eram muito aguardadas e ocorrem num momento em que o crescimento econômico está arrefecendo, com Pequim buscando uma expansão de 6-6,5% neste ano, abaixo dos 6,6% registrados em 2018.

Warren Patterson, analista da ING, afirmou que, para haver um rali no cobre, a China terá que não apenas falar, mas cumprir suas promessas de estímulo.

De acordo com o BoA:

“Acreditamos que os mercados globais provavelmente não serão indiferentes a dados desapontadores; que a tendência de crescimento ainda não é confiável e que os dados de crescimento mundial ficarão aquém das expectativas; por isso, os preços atuais oferecem uma atraente relação de risco-retorno.”

“Com a diminuição das interrupções no fornecimento, a curva deve se mover para contango, atuando em favor das vendas, com o carry a seu favor.”

Oferta deve superar a demanda até o ano que vem

O grupo britânico CRU, pesquisador líder da indústria mundial de mineração, afirma esperar que a oferta anual das minas de cobre se expanda para 900.000 de toneladas até o início da década de 2020.

O grupo também prevê que o déficit de produção de cobre refinado em relação à demanda deve diminuir de 600.000 de toneladas há um ano para 200.000 até aquela data.

Vanessa Davidson, diretora de pesquisa e estratégia em cobre do CRU, escreveu em um comentário no Financial Times, na sexta-feira, que muitos dos grandes mineradores mundiais acreditam que o metal tem as perspectivas mais promissoras entre as principais commodities.

Davidson afirmou que essa visão positiva se baseava em diversos cenários geológicos associados à mineração de cobre, como o declínio no teor dos minérios e esgotamento de reservas, além de uma série de tendências desencorajadoras para a demanda. O consenso era que o mercado de cobre precisava de novas minas, e quem fosse capaz de desenvolvê-las se beneficiaria dos aumentos de volumes, receitas e lucros.

Mais minas de cobre do que o necessário

Mas Davidson afirmou que esse consenso acabou gerando seu próprio debate sobre a real necessidade das novas minas de cobre.

“No ano passado, houve aprovação para diversas expansões de alto perfil, e novos projetos que devem entrar em operação nos próximos cinco anos. O resultado é que o mercado de cobre parece estar muito mais bem abastecido no médio prazo do que há um ano.”

A pesquisa da ING mostrou que os estoques de cobre nos armazéns da Bolsa de Futuros de Xangai (ShFE) mais do que dobraram, atingindo 227.049 toneladas no início de março durante uma parada sazonal na atividade industrial, em meio ao inverno chinês e os feriados do Ano-Novo Lunar.

Quanto à demanda, os veículos elétricos são o principal ponto de discussão no setor, mas não devem impactar significativamente o consumo mundial de cobre até a segunda metade da década de 2020. Há também grandes expectativas quanto a fontes renováveis, embora representem apenas uma porcentagem menor da produção energética global.

Da mesma forma, a Índia, há muito tempo considerada como a próxima "China", ainda usa menos cobre do que a maior importadora mundial de metais, apesar de as importações indianas de cobre crescerem a um ritmo de quase 10% ao ano.

De acordo com Davidson:

“Apesar de ainda haver previsões de déficit no mercado de cobre no início da década de 2020, ainda que menores em tamanho do que há um ano, a experiência recente sugere que essa defasagem deve desaparecer rapidamente se as aprovações governamentais de novos projetos seguirem sem obstáculos.”

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