O cobre se desvalorizou 16% desde as máximas recordes deste ano, afetado pela crise da dívida da incorporadora chinesa Evergrande (OTC:EGRNY) e pela determinação de Pequim de usar seus estoques do metal para controlar a inflação e reduzir as importações.
Os preços do cobre fecharam a US$4,115 por libra-peso na Comex de Nova York nesta segunda-feira, contra o pico histórico de US$4,888 em 10 de maio. Diante desse cenário, a pergunta óbvia é: será que o cobre já tocou o fundo deste ano? É uma compra escandalosa ou ainda tem mais espaço para cair?
A resposta, com base nos gráficos técnicos e na insidiosa campanha da China para enfraquecer o preço do metal com a diminuição das importações, é que o cobre ainda pode adentrar mais o território vermelho.
Quem deseja abrir novas posições de compra até pode ter algum lucro nos níveis atuais. Mas o melhor ponto de entrada estaria abaixo dos US$4, segundo o analista técnico Sunil Kumar Dixit.
Gráficos: cortesia de SK Dixit Charting
“O cobre está passando por uma correção no tempo”, afirmou Dixit.
“Os preços devem testar a média móvel exponencial de 50 semanas a US$3,9877 e romper a mínima de US$3,9590.”
O cobre na Comex já registra queda de 5,4% em setembro, estendendo o declínio de 2,3% em agosto. Na sessão asiática desta terça-feira, ele se valorizava um centavo, ou 0,3%, a US$4,14.
A lenta recuperação exibiu a profundidade das preocupações inflacionárias presentes no mercado, afirmou Sebastien Galy, estrategista sênior macro da Nordea Investment Funds SA.
“Está levando mais tempo para o mercado precificar esses choques do que eu esperava, e o mercado está muito mais realista com o enfraquecimento das compras nas correções por medo da inflação”, declarou Galy em comentários citados pela Bloomberg nesta segunda.
O tropeço do cobre na segunda-feira deveu-se à crescente crise da dívida da Evergrande, que enfrenta dificuldades para pagar juros enquanto começa a pagar os investidores da sua unidade de gestão de patrimônio com propriedades. A saga se tornou um indicativo do novo caminho de crescimento da China e está sendo monitorada de perto por investidores temerosos de um contágio.
Para piorar ainda mais o pessimismo com a Evergrande, o premiê chinês Li afirmou que utilizará “instrumentos de mercado” para estabilizar os preços das commodities. Isso parecia ser uma mensagem codificada para a liberação de mais ofertas de petróleo e metais dos estoques para reduzir as importações.
Ao analisar os aspectos técnicos do cobre, Dixit declarou que o gráfico mensal de longo prazo mostrava que o candle do mês atual formava um padrão baixista de engolfo do candle anterior.
Ele afirmou:
“Um movimento sustentado abaixo de US$3,9590 pode fazer o cobre da Comex atingir o nível de 23,6% de retração de Fibonacci medido desde a mínima de 2020 de US$1,9700 até a máxima de maio de 2021 a US$4,8845. Isso pode estender as vendas até o suporte estático horizontal de US$3,7700, que coincide com o nível de 38,2% de Fibonacci”.
“Em caso de aceleração das vendas abaixo desse ponto, o nível crítico de 50% de Fibonacci de US$3,4272 atuará como ponto de virada.”
Dixit disse ainda que o IFR estava sobrevendido no gráfico diário, com uma leitura de 10/8. Isso pode gerar um repique para US$4.30, possível ponto de confluência entre a Banda de Band e a MME 50. Também pode estender a recuperação para a MMS 100 de US$4,35.
Mas o IFR semanal, mais influente, mostrava um cruzamento negativo, com uma leitura de 55/65.
“Isso indica uma correção baixista pela frente”, declarou.
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.