As perspectivas das pressões inflacionárias no país se acentuam exponencialmente, o recente ajuste nas tarifas energéticas e a possibilidade de novos, afora a crise em si que ameaça a atividade econômica, certamente tornarão necessários ajustes mais elevados da SELIC pelo COPOM, e este fato de “mais juros”, normalmente, pressionará o preço do dólar à depreciação e redução da volatilidade.
Evidentemente, os burburinhos políticos aquecidos ajudam os “traders” na promoção momentânea e oportuna de maior volatilidade e até apreciação do preço da moeda americana, mas ainda consideramos que este seja um fator absolutamente pontual, que acomodado fragilize este viés e o reconduza na linha de depreciação da moeda americana no nosso mercado.
Ruídos políticos e o fato de ontem ter sido dia do PTax, impondo forte perda a um grande número de posicionados na moeda americana, é natural que tenha havido resistência e até uma forçada apreciação do preço da mesma, mas, no nosso entender, nada sustentável.
Há perspectiva de vetores de pressão inflacionária de inúmeros setores repercutindo a elevação das tarifas energéticas, que devem emanar efeitos nefastos para toda economia no aviltamento dos preços relativos da economia, sem perder de vista que poderá impactar nas recentes projeções de melhora do PIB para este ano, pois energia é força motriz relevante para a atividade econômica.
Toda vez que ocorrem elevações abruptas como a da energia, e por que já não colocar no radar as tarifas de consumo de água, a renda dos assalariados sofre impacto redutor e isto representa menor capacidade de consumo.
O Brasil tem como característica contumaz preservar o efeito malévolo dos fatores de impacto inflacionário, evidenciando grande dificuldade de reversão quando os fatores perdem intensidade de impacto, como no presente a queda de mais de 15% no preço do dólar e os preços dos produtos alimentares exportáveis não repercutirem o fato em seus preços.
Com a crise hídrica mais evidente e na fase “o gato subiu no telhado”, será natural que se amenize o otimismo com projeções mais otimistas do PIB, já em torno de 5%, e se tenha maior perspectiva inflacionária, e isto com cenário com juros mais elevados é um antídoto à apreciação da moeda americana no país, visto que não temos problemas em moedas estrangeiras, e, ademais, juros altos passarão a atrair investidores estrangeiros especuladores, ou não, para aplicação em carteira no Brasil, melhorando o fluxo cambial financeiro.
Por outro lado, números recentes revelam que estamos com somente 12,5% da população imunizada duplamente e isto é muito pouco e os números ainda são preocupantes, embora mitigados pela convivência com o fato nefasto, e tendem a repercutir de forma impactante na retomada da atividade econômica.
O acirramento do clima da “sucessão presidencial” já presente “nas ruas” também tende a ser desgastante e tirar o foco dos temas principais e há uma enormidade de “fatos novos” absolutamente perturbadores neste campo.
O Brasil tem desafios e perturbações grandiosas no momento, mas gradualmente, a despeito da economia ir lenta, vai voltando a sua velha tradição e pode se tornar, outra vez, o “oásis” do capital estrangeiro especulativo, pois a elevação do juro é fator imponderável e inevitável na medida em que a inflação ganha transparência dia após dia, havendo mesmo a sensação de que “está solta” a partir dos preços administrados que acabam por contaminar os preços relativos da economia.
O desemprego é implacável em seus números crescentes. Agora,14,7% da população e como consolo se diz que há um contingente de desalentados retornando à busca de emprego, sendo que há mais de 24 milhões quase na informalidade.
A pobreza é crescente e inquestionável.
A reforma tributária proposta pelo governo, medíocre, puramente arrecadatória e fustigando o mercado acionário, que tem inúmeros IPO´S no radar e é fonte de capitalização das empresas a custo baixo para seus desenvolvimentos e, também, ao atingir os fundos imobiliários poderá inibir a importante atividade destes fundos na construção civil comercial, até porque, face à crise da pandemia registram extraordinária vacância em seus estoques com repercussões em seus rendimentos.
E a reforma administrativa seguramente “perdeu o momento”, visto que instalado o clima eleitoral sucessório e com o governo sofrendo carga de fragilização, a tendência é de haver menor possibilidade de sua efetiva consolidação.
Então, julho promete, com o juro com viés de tendência inexorável de alta, inexorável também deverá ser o viés de depreciação do preço da moeda americana no nosso mercado ao longo do mês que se inicia salvo estresse maior político.