O clima não ajudou a safra agrícola 2011/2012. Faltou chuva no plantio, na germinação e choveu na colheita. Para a produção de sementes de capim o resultado desse quadro climático foi a quebra da produção.
Veja na figura 1, a evolução climática desde o período ideal para o plantio das pastagens, a partir de outubro, até a colheita que começa em maio. As áreas em amarelo e laranja indicam precipitação abaixo do normal para o período.
No centro-sul choveu na colheita - maio e junho -, época em que a seca é desejável, pois permite as operações no campo e mantém a semente no solo com baixa umidade.
Na Bahia não são poucos os produtores que perderam toda a safra de sementes este ano. A situação no estado é crítica. A pior dentre os principais produtores. No oeste baiano, onde se concentram os campos de produção, em todos os períodos, choveu abaixo do normal.
Em São Paulo, a situação, embora menos crítica que no nordeste, também resultou em redução de oferta. Estima-se uma quebra de 25% na safra paulista. Houve muitos produtores que realizaram o replantio das pastagens em função da seca.
A variedade na produção de sementes em São Paulo talvez seja a maior em termos de cultivares, e atende a diversos clientes no mercado externo, além de abastecer estados do norte, nordeste e centro-oeste.
A Colômbia tem sido o principal destino das sementes de capim exportadas pelo Brasil. Os colombianos compraram 17,5% do total embarcado entre janeiro e junho de 2012, o que corresponde a 834 toneladas, seguidos pela Costa Rica, cuja compra foi de 192 toneladas (MDIC).
Goiás foi o estado onde a safra apresentou o melhor desenvolvimento, seguido pelo Mato Grosso do Sul, apesar da chuva na colheita.
No centro-oeste, a pior condição dos campos de produção de sementes ficou com o Mato Grosso. Muito sementeiros matogrossenses, em função do fraco desenvolvimento das sementes de Brachiaria humidícola, adiaram a colheita e foram obrigados a adotar o método de varredura.
A humidícola, em função do crescimento “entrelaçado” estolonífero (figura 3), precisa ser colhida no “cacho”, antes da semente cair no solo, o que ocorre geralmente em fevereiro. A colheita por varredura (no chão), como é feita para as demais espécies a partir de maio, obriga a eliminação de toda a planta e consequente perda do campo de produção.
A humidícola tem sido vendida entre R$0,50 e R$0,60 por ponto de pureza pelo produtor e chega ao consumidor final entre R$0,95 e R$1,00 por ponto de valor cultural em São Paulo, o que corresponde a R$28,70 e R$30,00 por quilo com valor cultural de 30%, alta de 36% em um ano.
A oferta será pequena.
A semente que deve ter menores problemas de oferta é a Brachiaria brizantha cv. Marandú, o conhecido braquiarão. O cultivar é o mais produzido no país e é a base das pastagens no Brasil.
Embora a safra 11/12 tenha sido afetada pelo clima, há estoques de passagem significativos dessa semente, tanto nas mãos de sementeiros quanto de revendas. Na temporada passada, 10/11, o cenário foi oposto ao atual e existiram campos de produção do Marandú que chegaram a produzir 50 mil pontos de pureza por hectare, quando normalmente se obtém entre 25 e 30 mil.
O quilo da semente de braquiarão com valor cultural (VC) de 50% está cotado em R$11,50/kg, valor 20% menor que há um ano.
Por fim, a safra este ano foi menor, o clima não ajudou, muito produtores ficaram receosos em negociar suas produções de forma antecipada e não conseguir entregar o volume acordado e deve haver menos sementes disponíveis.
As vendas de semente só tomam corpo no último trimestre do ano, e somente lá teremos uma visão clara do mercado.
A demanda, que é diretamente relacionada ao mercado do boi gordo, pode decepcionar.
Entre janeiro e julho os preços da arroba em São Paulo foram 4% menores, em média, comparado ao mesmo período de 2011. As escalas dos frigoríficos estão cheias e a pressão de baixa continua.
Ou seja, com um mercado do boi gordo fraco, as chances das vendas de sementes de capim não evoluírem são grandes, o que pode regular oferta e demanda, e o cenário que se desenha altista, perder força.