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Citros: Rentabilidade Apertada de 21/22 Pode Restringir Investimentos em 22/23

Publicado 19.01.2022, 16:20
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A rentabilidade da laranja na temporada 2021/22 foi restrita para muitos citricultores (mesmo com os preços mais altos que no ano anterior), resultado da baixa produtividade registrada em praticamente todo o cinturão citrícola. Neste cenário, as expectativas para 2022 são de investimentos limitados na atividade, o que possivelmente resultará em diminuições na área plantada e até mesmo de renovação de pomares. Outro fator que pode restringir os novos plantios é a alta significativa nos custos de produção e de implantação. Por outro lado, citricultores mais capitalizados estão aumentando os investimentos em irrigação, visando reduzir os riscos climáticos, que têm sido bastante altos nos últimos anos.

De fato, a primeira previsão de área, divulgada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), indica que o estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro devem registrar área 1,4% menor na temporada 2022/23, totalizando apenas 374 mil hectares. Já a área em produção deve ser de 340 mil hectares, queda de 1,8% na mesma comparação.

Se confirmada, a menor área em produção pode ser um limitante para uma colheita significativa nos próximos anos, dada a redução no potencial produtivo do cinturão citrícola. Considerando-se a área estimada pelo USDA (de 340 mil ha), o estado paulista e o Triângulo Mineiro passariam a produzir, em anos de clima favorável e de boa produtividade (média de mil caixas por hectare), o máximo de 340 milhões de caixas de 40,8 kg de laranja – bem longe do produzido na década passada, quando chegou próximo de 400 milhões de caixas.

No que diz respeito às expectativas para a produção de laranja, as floradas foram consideradas satisfatórias na maioria das áreas do cinturão brasileiro. No geral, enquanto nos pomares irrigados a abertura das floradas foi observada a partir de setembro/21, nos sem irrigação, isso só foi ocorrer em meados de outubro, após a chegada – atrasada – das chuvas.

Ainda é cedo para quaisquer previsões quanto ao volume a ser colhido em 2022/23, principalmente nesta temporada, em que as floradas foram atrasadas em boa parte das fazendas. Ainda que agentes não descartem impactos negativos da seca prolongada de 2020 e 2021 sobre a colheita da nova safra, deve pesar positivamente sobre os ânimos a retomada das chuvas mais frequentes na região desde dezembro, fator que tende a beneficiar a fixação e o enchimento dos frutos.

A estimativa do USDA para a produção do cinturão é de 305 milhões de caixas, recuperação de 15,5% frente à temporada 2021/22 e o equivalente a uma produtividade média de quase 900 caixas por hectare. Agora, o setor aguarda a divulgação da estimativa do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Agricultura), prevista para maio, e que deve conseguir mensurar os impactos positivos do melhor regime de chuvas dos meses recentes.

Ressalta-se, ainda, que, mesmo que uma recuperação da produção de laranja em 2022/23 fosse confirmada, diante dos baixos estoques finais de suco de laranja previstos para 2021/22, o volume colhido pode ser insuficiente para que os estoques voltem ao patamar estratégico de 250 mil toneladas.

Segundo a CitrusBR, os estoques de passagem de 2021/22 (em junho de 2022) devem ficar entre 170 e 190 mil toneladas de suco de laranja, em equivalente concentrado, abaixo do patamar estratégico. Neste cenário, haveria a necessidade de uma safra volumosa para recuperar os níveis de suco armazenados. Cálculos do Cepea indicam que, para que os estoques finais de 2022/23 (em junho de 2023) voltem a atingir o patamar estratégico de 250 mil toneladas, a produção da próxima safra precisaria superar as 330 milhões de caixas de 40,8 kg, bem acima do estimado em dezembro pelo USDA.

Assim, por mais um ano, a necessidade industrial de laranja deve ser elevada, o que tende a manter a oferta da fruta controlada no segmento de mesa, além de permitir preços firmes ao produtor no setor de moagem. Contudo, como as processadoras ainda não iniciaram a contratação de frutas para a nova temporada, ainda não há confirmação se haverá reajuste nos valores pagos pela matéria-prima.

EXPORTAÇÃO – Com a previsão de baixa nos estoques de suco de laranja das processadoras brasileiras, os envios da commodity podem ser controlados por mais uma safra. Além da baixa oferta, o preço de venda no mercado internacional não teve reajustes significativos a ponto de incentivar vendas mais volumosas.

TAHITI – A oferta de lima ácida tahiti está volumosa neste início de ano, cenário que deve se manter pelos próximos dois meses. O retorno das chuvas desde outubro (com maior intensidade de dezembro para cá) favoreceu o desenvolvimento dos pomares, que devem ter boa produção no pico de safra (normalmente de janeiro a março). Além disso, os recentes aumentos de área da fruta também podem elevar a produção. Este cenário deve, novamente, favorecer o desempenho brasileiro das exportações de limões e limas, que bateram recorde em 2021, bem como aumentar a absorção industrial da fruta nos períodos de maior oferta. Por outro lado, os preços podem continuar em baixos patamares.

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