Após uma produção elevada em 2017/18, as primeiras impressões são de que a safra 2018/19 pode ser novamente de oferta controlada no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Isso porque, com o clima desfavorável durante o “pegamento” dos chumbinhos da primeira florada (a principal), que dariam origem às frutas da próxima temporada, perdas foram relatadas em três das quatro principais regiões produtoras de citros de São Paulo.
As praças que devem sentir maiores impactos são as do norte (proximidades de Bebedouro) e do centro (Araraquara e arredores) do estado paulista, com alguns efeitos, ainda que limitados, também na leste (Limeira e região). Já no sudoeste (região de Avaré), a queda de chumbinhos da primeira florada foi considerada dentro do normal; assim, novamente, esta praça pode garantir bons patamares de produtividade.
Com indícios de novas florações no fim do ano, as perdas já ocorridas podem ser amenizadas, mesmo que em partes – caso a fixação seja satisfatória. Mesmo assim, os volumes de frutos devem ser inferiores aos que viriam da florada principal
O primeiro relatório do USDA referente à próxima safra brasileira de laranja divulgado em dezembro indica produção de 320 milhões de caixas de 40,8 kg em 2018/19 no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, queda de 19% em comparação com 2017/18 – reduzida devido ao clima e à elevada carga de frutas da atual temporada. Embora seja cedo para qualquer dimensionamento, produtores consultados pelo Cepea apostam em redução ainda mais intensa. A primeira estimativa do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), por sua vez, deve ser divulgada em maio.
Além da previsão de menor oferta de matéria-prima em 2018/19, há de se considerar que a recuperação de 93% nos estoques de suco de laranja nas processadoras paulistas em junho de 2018 ainda não sinaliza excesso de oferta de suco. A safra volumosa será suficiente apenas para amenizar os estoques bastante baixos de 2016/17.
Outro fator que deve manter agentes do setor atentos à oferta global de suco de laranja é a menor produção da Flórida, por mais uma temporada. Conforme o último relatório divulgado pelo USDA em dezembro, a colheita do estado deve totalizar apenas 46 milhões de caixas, recuo de 33% em relação à safra passada. Além do greening, que vem impactando a produção local há algumas temporadas, nesta também são sentidos os impactos do Furacão Irma, que atingiu o estado norte-americano em setembro de 2017. O resultado final da produção local será divulgado em julho de 2018. Assim, com nova queda nos estoques de suco norte-americanos, a necessidade de importação da commodity já tem se elevado.
COMPRAS – As primeiras propostas de aquisição das laranjas da safra 2018/19 foram relatadas no mercado paulista em meados de novembro/17. Ainda que de forma pontual, as grandes processadoras sinalizaram possíveis negociações ao redor dos R$ 20,00/cx de 40,8 kg, colhida e posta na fábrica, com adicional de participação no preço de venda do suco no mercado internacional. Em casos de comprometimento de um maior volume e por um período superior a dois anos, já foram relatadas ofertas de até R$ 22,00/cx.
No entanto, em meio ao consenso de que a próxima temporada será inferior à atual, citricultores seguem receosos quanto ao fechamento de contratos e muitos aguardam a aproximação da safra para observar se reajustes nas remunerações serão realizados. Os preços propostos inicialmente pela indústria são superiores aos do mercado spot nesta safra, mas inferiores aos da temporada 2016/17, quando a oferta foi restrita.
TAHITI – As expectativas para a produção de lima ácida tahiti também são de menor colheita em 2018. Segundo colaboradores do Cepea, além de perdas de parte das flores (devido ao clima quente e seco), muitas frutas miúdas foram colhidas em novembro e dezembro – que deveriam estar prontas para colheita agora, em janeiro.
O pico de safra da tahiti está previsto para ocorrer já neste mês, visto que as chuvas do final de dezembro e início de janeiro devem favorecer o desenvolvimento e o crescimento das frutas. Com isso, espera-se que os preços fiquem em baixos patamares neste e nos próximos dois meses, pressionados pela maior oferta. Por outro lado, a expectativa é de aumento das exportações e também dos envios da fruta à industrialização.