Em 2019, o petróleo registrou seus preços mais baixos no início do ano, quando o WTI era negociado a apenas US$ 42,52 por barril; e o Brent, a US$ 49,93. Neste momento, ambos estão na faixa de US$ 60, com o WTI na extremidade inferior, enquanto o Brent encontra-se na extremidade superior.
1. Sem grandes saltos de preço
Embora um aumento de quase US$ 20 por barril possa parecer significativo, o mais importante é saber por que os preços não subiram ainda mais em 2019, em vista das sanções ao Irã e à Venezuela, bem como a eventos geopolíticos no Oriente Médio.
O que explicaria, então, esses ganhos "limitados"? Os outros quatro eventos mais relevantes do mercado petrolífero neste ano ajudam a explicar o que aconteceu.
2. Receio de queda na demanda
Esse foi o fato mais influente no mercado petrolífero neste ano. Não importava o que estivesse acontecendo – seja um ataque de drones à Arábia Saudita, novas sanções petrolíferas dos EUA ou atentados a petroleiros no Estreito de Ormuz –, o medo de uma recessão mundial foi em grande parte responsável por manter os preços do petróleo pressionados.
Essas preocupações se intensificaram com a escalada na guerra comercial entre EUA e China e a divulgação de indicadores econômicos negativos na Europa, Ásia e América do Norte. Agora que a disputa comercial está arrefecendo e a primeira fase do acordo deve ser assinada no início de 2020, a expectativa é que demanda petrolífera acelere.
3. Produção norte-americana atinge níveis recordes
O segundo evento mais importante que manteve os preços do petróleo pressionados neste ano foi a produção de petróleo nos EUA. De acordo com a Agência de Informações Energéticas do país (EIA, na sigla em inglês), a produção dos EUA atingiu o recorde de 12,8 milhões de barris por dia (bpd) no mês passado.
Apesar da queda no número de sondas em operação e da frágil situação financeira de várias empresas de fraturamento, a produção atingiu níveis recordes porque a indústria concentrou seus esforços na perfuração das áreas mais prolíficas e menos caras. Além disso, os produtores perfuraram ramais mais longos para evitar o declínio nos reservatórios, mais infraestrutura de oleodutos entrou em operação e houve avanços nas soluções químicas usadas no fraturamento.
A EIA prevê que a produção norte-americana será de 13,2 milhões de bpd em média ao longo de 2020, mas muitos analistas acreditam que o número é otimista demais, e questões financeiras, além de taxas de declínio mais acelerado, prejudicarão o crescimento da produção nos EUA em 2020.
4. Políticas da Opep foram ineficazes
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus parceiros tentaram restringir a oferta de petróleo em 2019, a fim de elevar os preços, mas seus esforços acabaram sendo, em grande medida, ineficazes. A Arábia Saudita realizou mais cortes de produção do que previa seu compromisso com a Opep, mas esses esforços foram insuficientes diante da superprodução do Iraque, Nigéria e Rússia.
Tudo leva a crer que essa situação se repetirá em 2020. A Opep e a Opep+ se comprometeram com cortes maiores no primeiro trimestre do ano-novo. A Arábia Saudita novamente prometeu cortar mais do que o necessário, mas a Rússia já demonstra que não respeitará seus compromissos. Apesar das políticas da Opep, o mercado não esboçou uma resposta mais convincente em 2019 e é pouco provável que o resultado seja mais favorável em 2020.
5. Ataque do Irã à Aramco não teve impacto
Quando as instalações da Aramco em Abqaiq e Khurais sofreram um ataque em setembro, toda a produção petrolífera desses campos foi interrompida. Embora os preços do petróleo tenham subido forte no momento do atentado, rapidamente retornaram aos níveis pré-ataque, quando a Aramco (SE:2222) retomou sua produção mais rápido do que os observadores do mercado esperavam.
Alguns analistas afirmaram que os ataques gerariam um novo “prêmio de risco” nos preços do petróleo, mas o mercado mostrou que essa avaliação estava equivocada, mantendo o foco nos indicadores de fraco crescimento econômico e a perspectiva de desaceleração no aumento da demanda. As ameaças geopolíticas provavelmente continuarão sendo ignoradas, pelo menos no primeiro semestre de 2020, quando não há expectativa de expansão de demanda.