Aswath Damodaran é um dos maiores professores de valuation e investidores do mundo. Recentemente, em um de seus vídeos sobre a filosofia de investimento value investing (investimento de valor), destacou cinco dicas para os investidores de valor obterem maiores retornos. Como é sempre bom aprender com quem sabe, vale a pena prestar atenção a elas:
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Seja mais claro a respeito de valor e preço
O primeiro item, o valor, é uma função dos fluxos de caixa, crescimento e risco. O segundo, o preço, da demanda e oferta. Isto é, uma função de momento, humor, pensamento em manada e liquidez.
Os fluxos de caixa são impulsionados pela velocidade e intensidade de crescimento da receita, pelas margens operacionais ao longo do tempo e pela eficácia/sucesso (vulgo rentabilidade) do crescimento.
Sendo assim, o valor de um ativo é derivado de seus fluxos de caixa livre futuros descontados a valor presente. E estes são: Receita x Margem Operacional – Impostos – Reinvestimentos.
A taxa de desconto, o retorno exigido pelos acionistas e credores, também é crucial, impulsionada pela taxa livre de risco e pelo prêmio de risco.
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Não é possível evitar a incerteza
Uma das principais razões pelo qual muitos investidores performaram mal nos últimos anos foi o fato de terem deixado com que a incerteza os impedisse de fazer estimativas. A internet trouxe consigo muito potencial, mas muitas dúvidas.
Se você disser que evitará a incerteza a qualquer custo, ficará preso na fase madura/declínio do ciclo de vida de uma empresa (que é uma etapa no ciclo: startup, crescimento baixo, alto crescimento, crescimento maduro, estabilidade e declínio).
Ao focar apenas na parte final do ciclo, você está removendo de seu universo de possibilidades milhares de empresas jovens desvalorizadas.
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Margem de segurança não é um substituo da avaliação de risco
A grande maioria dos investidores de valor se recusam a usar a medida de risco beta em suas avaliações. Gostando ou não, deve-se encontrar alguma medida que considere o risco e incorporá-la em seu modelo. O que não se pode fazer é evitar um Discounted cash flow (DCF, fluxo de caixa descontado) apenas por não gostar de betas.
Devemos exigir uma margem de segurança. No entanto, para isso, devemos estipular um valor para a companhia. Para estipularmos um valor, precisamos de uma medida de risco.
Diferentemente do que muitos investidores pensam, a margem de segurança não é um substituto para os betas, e sim uma medida de risco adicional.
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Não leve em consideração apenas a contabilidade
A estratégia de comprar empresas com baixos múltiplos depende muito da definição contábil sobre lucro e patrimônio líquido.
Acontece que há boas razões para considerar menos esses números do que nas décadas anteriores, visto que a contabilidade ainda não acompanhou a mudança do poder da economia, que foi de empresas de manufaturas intensivas em capital para companhias de tecnologia e serviços.
O tratamento contábil para despesas de marketing e P&D, por exemplo, resultou na subavaliação dos valores contábeis de diversas empresas de tecnologia e farmacêuticas.
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É possível realizar stockpicking e ser diversificado
Muitos investidores dizem para não se diversificar, visto que, adotando tal estratégia, estaríamos diluindo nossos retornos. No entanto, não prevemos o futuro com exatidão e, portanto, estamos suscetíveis a erros de análise.
A diversificação não é inimiga do stockpicking pois existem milhares de ações negociadas. E, com certeza, existem ao menos vinte (um portfólio teoricamente bem diversificado) com retornos interessantes.