Nada melhor do que aprender com aqueles que chegaram onde queremos chegar. Aprender sozinho como começar a investir melhor pode ser muito mais entediante, suscetível a erros e menos produtivo. Dito isso, é primordial estudar os investidores de sucesso para conseguir aumentar nossos retornos de longo prazo.
Um desses investidores de sucesso é Mark Sellers, gestor de um conceituado hedhe fund (fundo de hedge), que, em conversa com estudantes de MBA em Harvard, citou cinco características comuns a grandes investidores. O conteúdo que ele trouxe ajuda a trabalhar nas próprias fraquezas:
1. A capacidade de comprar ações quando outros estão em pânico, e vender enquanto outros estão eufóricos
Esta é muito fácil de dizer, mas extremamente difícil de realizar. Todos pensam que podem fazer isso. No entanto, quando chegam dias como a Black Monday, em 1987, e os do primeiro trimestre deste ano, poucos possuem o estômago para comprar.
Pelo outro lado, quando o mercado está em forte alta, como a que vivemos entre 2016 e o início de 2020, poucos têm coragem de vender, pois sentem medo de ficar para trás nos rendimentos.
Isto não significa que investidores devem comprar qualquer coisa no fundo, como muitos que levam o conselho ao pé da letra fazem. Nem que devemos vender nossas ações após qualquer alta, afinal, somos investidores de longo prazo.
Qualquer decisão de compra e venda deve ser tomada após uma extensa análise fundamentalista e conclusão à respeito da relação risco x retorno do ativo.
2. Obsessão pelo jogo e desejo de vencer
O mercado financeiro é a competição intelectual mais fascinante da história da humanidade. Nele, milhões de participantes, negociando trilhões de dólares, diariamente, estão competindo por retornos.
Assim como os atletas de grande sucesso, seja qual for o esporte, os grandes investidores não apenas gostam de investimentos. Eles vivem os investimentos, genuinamente. Logo que acordam, provavelmente já estão treinando, isto é, refletindo sobre o risco de seu portfólio e pensando sobre suas empresas. Trata-se de paixão. É preciso ter isso em mente.
3. Aprendem com os erros passados
Este também é muito fácil de dizer, mas difícil de realizar. Afinal, os seres humanos aprendem muito no curto prazo, mas absolutamente nada no longo prazo (por isso a história não se repete, mas rima).
Frequentemente, cito a metáfora do quão bom seria saber como/onde morreríamos, para nunca irmos lá. Pela grande maioria dos erros cometido serem razoavelmente simples, nós os ignoramos, sem analisá-los como deveríamos. Deste modo, estes erros acabam sendo cometidos novamente.
4. Senso de risco baseado no bom senso
Nesta característica, Sellers cita o exemplo do Long-term Capital Management, fundo super renomado que possuía um time de profissionais de alto nível, incluindo traders de sucesso de Wall Street e economista ganhadores do Nobel.
Os responsáveis utilizavam modelos de risco sofisticados, mas falharam em perceber algo que parecia óbvio: estavam terrivelmente alavancados. A alavancagem é cruel, pois por mais que ela amplifique seus retornos quando os tempos são bons, te tira completamente do jogo em momentos de stress.
No caso do Long-term Capital Management, os profissionais não pararam para pensar se os computadores estavam exibindo algo que fazia sentido na vida real. Eles ignoraram o bom senso completamente, e foram punidos por isso.
5. Confiança em suas próprias convicções
Mesmo quando sofrem críticas e estão do outro lado da manada, os grandes investidores permanecem firmes em seus pensamentos. Warren Buffet foi um dos únicos que não sucumbiu à irracionalidade da bolha “ponto com”, mesmo extremamente criticado na época, e tido como ultrapassado.
É importante mencionar que essa convicção é uma consequência de horas intensas de estudo. Não seja convicto sobre um assunto sem trabalhar nele incessantemente.
Este foram os cinco traços em comum entre os grandes investidores. Acredito que ainda há diversos outros, como a capacidade de lidar com a volatilidade sem mudar o racional dos investimentos e o estudo de diversas habilidades mentais, não apenas a parte matemática.
De qualquer forma, podemos – e devemos – trabalhá-las se quisermos aumentar nossos retornos.