Os contratos futuros do café tiveram desempenho negativo ao longo da semana nos mercados internacionais, pressionados pela previsão de chuvas no cinturão produtor brasileiro e pelo câmbio.
De segunda-feira até ontem, o dólar comercial subiu 0,52% ante o real, cotado a R$ 3,2225, sendo impulsionado por indicadores positivos sobre a economia dos EUA. A atividade no setor de serviços norte-americano subiu para o maior índice desde outubro de 2015, puxada por um número de encomendas maior que o aguardado. É válido recordar que, atualmente, o mercado futuro do café está à mercê do câmbio devido à comercialização da safra brasileira que acabou de ser colhida.
No que tange ao clima, que está no foco das atenções no Brasil porque os cafezais necessitam de chuvas abundantes para o "pegamento" das floradas, as quais são essenciais para o desempenho da safra 2017, a Somar Meteorologia informa que houve chuva intensa e generalizada sobre o oeste e o sul de Minas Gerais e na Mogiana de São Paulo, nos últimos dias, com volume que variou entre 15 mm e 75 mm. Porém, também fez o alerta que as precipitações vieram acompanhadas de ventania e queda de granizo em alguns municípios produtores do sul de Minas Gerais, danificando as lavouras.
Ainda segundo a Somar, o Cerrado voltou a ter tempo seco a partir de ontem, mas a chuva permaneceu sobre a região que se estende do sul da Bahia ao sul de Minas. A partir desta sexta, o tempo seco retorna para a maior parte das áreas produtoras, mas, a partir da próxima segunda-feira, as precipitações voltam a ocorrer na Zona da Mata e no Cerrado Mineiro, no Espírito Santo e na Bahia.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, ontem, a US$ 1,4640 por libra-peso, com queda de 515 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento novembro do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, desceu para US$ 1.986 por tonelada, com desvalorização US$ 18 em relação à última sexta-feira.
O Centro de Estudos Avançados em Economia aplicada (Cepea) informou que, no Brasil, os preços do café robusta permanecem em alta, dando sequência à quebra de recordes reais. O Indicador Cepea/Esalq da variedade alcançou R$ 468,37/saca de 60 kg na quinta-feira, implicando alta de 1,90% em relação à semana anterior. Contudo, a instituição revela que as negociações envolvendo o conilon ocorrem apenas pontualmente.
Já o desempenho do café arábica no Brasil seguiu o caminho percorrido no mercado internacional, também pressionado pelo câmbio e pelas chuvas. O indicador da variedade recuou 2,19% até ontem, valendo R$ 492,05/saca. Segundo colaboradores do Cepea, as negociações da variedade estão limitadas em função dos armazéns estarem abastecidos, o que deixa de fora muitos operadores de mercado. “Além disso, produtores aguardam novas valorizações para ofertar um volume maior da variedade no spot”, explica a instituição.