O mercado imobiliário chinês enfrenta um forte processo de desalavancagem.
Economistas estimam que as famílias chinesas tenham perdido mais de US$ 10 trilhões em patrimônio em decorrência disso.
Agora, as autoridades do país se veem pressionadas a conter essas perdas.
Na semana passada, a China anunciou um "pacote de estímulos de grande escala".
Mas quais são as medidas incluídas?
E elas serão capazes de reverter a crise econômica chinesa?
As autoridades chinesas divulgaram o seguinte pacote:
- A) Novos cortes nas taxas de juros
- B) A versão chinesa da "Fed put"
- C) Declarações vagas sobre estímulos fiscais
Os cortes de juros e o novo "mecanismo de suporte" estão levando o mercado acionário chinês a altos patamares.
Entretanto, essas medidas provavelmente não serão eficazes em uma recessão de balanços.
Nos anos 90, o Japão também reduziu agressivamente suas taxas de juros, sem resolver a crise:
A redução das taxas não incentivará empresas ou famílias a assumir novas dívidas: as empresas já esgotaram sua capacidade de endividamento em 2016, e as famílias foram recentemente prejudicadas pelo excesso de dívidas, então não devemos contar com elas.
A queda nas taxas de juros, junto com a nova "Put do PBOC", pode, no entanto, ajudar a revitalizar o ânimo dos investidores.
As autoridades chinesas criaram um mecanismo semelhante ao BTFP, que permite oferecer garantias (dinheiro, títulos, etc.) para obter financiamento e adquirir ações chinesas.
Todavia, essa medida dificilmente resolverá os problemas estruturais que afligem a economia chinesa.
O estímulo fiscal é a única solução eficaz, veja o motivo.
A alavancagem na China passou por três fases principais:
- 1) Empresas (vermelho)
- 2) Famílias (azul)
- 3) Agora, o governo é a única solução (laranja)
Dez anos após a entrada na OMC, em 2001, e com o esgotamento dos benefícios demográficos, a China recorreu à alavancagem em larga escala para sustentar suas metas de crescimento.
Na Fase 1, as empresas chinesas (vermelho) aumentaram rapidamente sua alavancagem (2010-2016).
Quando a demanda por dívida corporativa se esgotou, Xi Jinping transferiu o foco da alavancagem para as famílias (Fase 2).
Isso resultou na criação de uma grande bolha imobiliária, que agora a China tenta desinflar.
O único agente restante para preencher essa lacuna é o governo chinês — os déficits fiscais são cruciais nesta fase (Fase 3?).
Portanto, embora o "pacote de estímulos" tenha restaurado parte da confiança no mercado, há apenas uma solução efetiva para a economia chinesa.
Trata-se de um pacote de estímulos fiscais em larga escala.
Mas será que a China vai realmente implementá-lo?
A Reuters relatou a possibilidade de um pacote fiscal de US$ 284 bilhões.
Esse valor dificilmente seria suficiente para resolver os problemas econômicos.
O tamanho do pacote é essencial: consumidores e empresas foram impactados por uma desalavancagem de US$ 10 trilhões no setor imobiliário, então o estímulo fiscal precisa ser substancial e bem direcionado para gerar resultados na economia chinesa.
Enquanto aguardamos anúncios concretos sobre estímulos fiscais na China, é importante lembrar que os formuladores de políticas chineses são conhecidos por adotar uma "bazuca contra-cíclica":
A China prefere aplicar estímulos reais quando a economia global está enfraquecida.
Assim, eles maximizam o retorno sobre a criação de dinheiro, comprando ativos estrangeiros a preços baixos, fortalecendo sua posição comercial e aumentando sua participação em mercados estratégicos.
Até que a economia global desacelere mais, a China pode optar por evitar um grande estímulo, preferindo apenas "conter as perdas" e pegar investidores de surpresa em suas apostas contra a China — uma dinâmica que se repete há 18 meses.
A China tem um papel central na economia global.
A China precisa de um amplo estímulo fiscal.
“Amplo” e “fiscal”, estas são as duas palavras-chave nas quais você deve se concentrar.