China Volta Atacar Riscos Financeiros

Publicado 28.11.2017, 09:08
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No começo deste ano, o Banco Popular (autoridade monetária da China), iniciou uma escalada nas suas taxas de juros de recompra reversa (linhas de 7 dias, 14 dias e 28 dias). O ajuste da autoridade monetária chinesa era uma tentativa de conter o aumento dos riscos financeiros, num cenário local de endividamento elevado e enfraquecimento do iuan frente ao dólar.

O Banco Popular insistia em afirmar que não estava apertando sua política monetária, onde a taxa básica de juros se manteve inalterada estrategicamente aos 4,35% ao ano, justamente para não criar pânico no mercado. A estratégia funcionou por algum tempo até o governo chinês sinalizar, neste mês, uma nova investida contra o mercado de crédito.

Desta vez, o ataque foi concentrado em pequenas firmas que emprestam dinheiro. Conforme noticiou o jornal International Financial News, a China pretende acabar com 157 instituições online que operam microempréstimos. Este segmento oferece empréstimos quase que imediatos pela internet, normalmente com baixa análise de risco, sem garantias e elevadas taxas de juros, em volume estimado de 152 bilhões de dólares.

Segundo o prospecto da LexinFintech, empresa chinesa de microcrédito que planejava abrir capital nos Estados Unidos, a taxa efetiva anual média dos empréstimos é de 25,3%, com duração média de 9,4 meses. No documento, a empresa apenas se limitou a afirmar que sua captação é de fontes diversificadas.

As plataformas P2P, que buscam juntar pessoas interessadas em emprestar dinheiro com pessoas interessadas em tomar empréstimos também estão dentro deste segmento no qual o governo chinês quer fazer uma faxina e podem ser afetadas ou mesmo sumir do mapa. Ao todo, existem mais de 60 firmas P2P, com valor estimado mensal de concessão de empréstimos de 12 bilhões de yuans.

Com essa nova investida, a tendência é que apenas as estatais (que seguem à risca as vontades de Pequim) e firmas de grande porte continuem com suas licenças para operar microcrédito. As autoridades chinesas já apresentaram propostas de mudanças nas regras de concessão para essas instituições, como novos limites para a estrutura de capital, visando diminuir os riscos do mercado de crédito.

O setor de serviços financeiros na China é um monstro de 40 trilhões de dólares e volta e meia levanta dúvidas no mercado quanto à qualidade dos empréstimos. O governo tenta contornar focos de possíveis distorções com intervenções microeconômicas, pois não pode permitir que um sistema altamente alavancado, como o atual, passe por uma crise de proporções inestimáveis por um “pequeno” revés em determinado segmento.

Além disso, este novo ataque do governo, agora focado no segmento de microcrédito, reforça a estratégia já sinalizada em trimestres anteriores de redução/limitação do excesso de alavancagem do sistema, buscando manter a estabilidade financeira a médio e longo prazo.

A forte queda da bolsa de Xangai frente à máxima do ano registrada semana passada ainda é um movimento incipiente, mas já levantou temores por parte de alguns investidores de novas intervenções do governo no mercado de ações. Em 2015, Pequim anunciou uma série de medidas, desde a suspensão de ações até incitações para fundos estatais comprarem papéis na bolsa, todas com objetivo de reduzir a volatilidade no mercado, mas a atuação excessivamente intervencionista foi um desastre, o que acabou criando ainda mais volatilidade no mercado, deixando muitos investidores traumatizados.

Já o mercado de bonds definitivamente não é mais o mesmo na China. As taxas de juros futuros estão subindo desde os primeiros sinais de fumaça encontrados no final de 2016.

China 10Y

A taxa de juros do título do tesouro chinês com vencimento em 10 anos saltou de 2,60% em novembro do ano passado para cerca de 4% ao ano. O movimento vendedor denuncia apreensão do mercado quanto aos riscos financeiros no país. Apesar do quadro negativo, a atuação do governo chinês tem conseguido evitar, até o momento, contágio para outras praças.

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