A semana começa com dados de atividade mais fortes que o esperado na China, mas os mercados globais seguem em compasso de espera pela Super Quarta. Mais do que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, é a reunião do Federal Reserve que ocupa o centro das atenções dos investidores.
O foco estará nas projeções dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em relação ao total de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos neste ano. O receio é de que a previsão de três quedas de 0,25 ponto porcentual (pp), cada, até dezembro seja alterada, podendo se mover para cima ou para baixo.
Para tanto, basta que apenas dois dos seis membros do Fomc mudem a expectativa para o nível terminal em 2024. Assim, a mediana das projeções no gráfico de pontos (dot plot) para este ano pode indicar apenas dois cortes ou uma queda adicional, totalizando quatro. A chance de ser menos, ao invés de mais, ganha força.
Foi isso que fez o Ibovespa encerrar a última sexta-feira (15) com queda de 0,7%, acumulando perdas de 0,3% na semana e ampliando o recuo no mês para 1,8%. No ano, a bolsa brasileira tem desvalorização de 5,6%. O dólar, por sua vez, encerrou a semana passada cravado nos R$ 5,00, com ganhos de 0,5% no mês e de 3% desde janeiro.
A questão é que, se houver menos cortes nos juros dos EUA, menor o espaço para a queda da Selic. Tanto que, agora, o nível esperado para o juro básico ao final do ciclo de alívio do Copom está mais perto dos dois dígitos. Ou seja, o comportamento dos ativos de risco, em especial a piora do apetite nos mercados emergentes, é uma consequência da história do Fed.
Muito além da Super Quarta
Daí porque os futuros dos índices das bolsas de Nova York amanheceram sem um rumo único nesta segunda-feira (18), contando as horas para o anúncio da decisão na quarta à tarde. Além do Fed, também merecem atenção as reuniões dos bancos centrais do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE), na terça e quinta-feira, respectivamente.
Enquanto o BC inglês deve contratar o primeiro corte nos juros para agosto, o BC japonês pode, enfim, encerrar a postura ultrafrouxa, apertando os juros agora ou, no mais tardar, em abril. O índice de preços ao consumidor britânico, um dia antes, e o aumento dos salários pelas empresas japonesas devem calibrar o momento exato de ambos os movimentos.
Ainda no outro lado do mundo, a China abre a agenda de indicadores econômicos, com dados sobre a atividade no agregado dos dois primeiros meses deste ano. A indústria cresceu (7%) acima do esperado (5%) e também do registrado em dezembro (6,8%), enquanto as vendas no varejo chinês tiveram a 13ª alta consecutiva (5,5%), também mais que o previsto (5,2%).
Porém, o minério de ferro continuou em queda em Dalian, onde encerrou o dia abaixo de US$ 110 a tonelada métrica, depois de perder mais de 10% na semana passada. O metal básico sente a proximidade do vencimento do contrato mais líquido e ignorou a melhora da produção chinesa no setor de mineração. O cobre, por sua vez, ganha espaço e é negociado nos maiores níveis em meses.
Em ambos os casos, o movimento é atrelado à segunda maior economia do mundo, em meio à perda de dinamismo do crescimento e diante da decisão do governo chinês de cortes na produção de fundições mais poluentes e menos lucrativas. Portanto, o que é ruim para a Vale (BVMF:VALE3), pode ser bom para as siderúrgicas.
Mas os preços das commodities industriais em geral não apresentam um bom desempenho - não apenas pelas condições da oferta, mas também por causa da procura. E isso afeta o Ibovespa. Ao mesmo tempo, outros setores não conseguem tirar proveito da reação da atividade doméstica, impactados pelo nível dos juros reais. A exceção fica com os bancos.
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