A China passa por um ano turbulento em 2023, marcado pela mudança de sua estratégia de Covid-zero para uma reabertura gradual, pela desaceleração do crescimento e pela crise do setor imobiliário.
Enquanto a maioria dos países tem enfrentado a inflação como o principal desafio econômico recente, a China tem vivido uma situação oposta: uma economia que perdeu o fôlego após a reabertura e que tem provocado deflação no nível dos produtores e estabilidade de preços no nível dos consumidores há vários meses.
O governo tem intensificado seus esforços para reanimar a economia, que está em um impasse após a reabertura, com o anúncio de algumas medidas de incentivo econômico e, mais importante, um pronunciamento mais firme na reunião de julho do partido. O pronunciamento sinalizou uma mudança mais significativa na abordagem ao setor imobiliário, além de mostrar disposição para resolver problemas de endividamento dos governos locais.
O crescimento da China
A China mostrou uma recuperação econômica notável em 2021 com um aumento de 8% do seu PIB no ano (5º maior crescimento do mundo), e em 2022 com crescimento de 3%. No entanto, ao contrário de outras economias desenvolvidas, que enfrentam uma alta inflação devido ao aumento da demanda, custos de commodities e outros, a China tem experimentado uma deflação, ou seja, uma queda dos preços ao consumidor e ao produtor.
A economia crescerá 5,2% este ano, de acordo com últimas projeções do FMI, contra 3% no ano passado. Essa é uma boa notícia para a China e para o mundo, já que a economia chinesa deve contribuir com um terço do crescimento global este ano.
Mesmo assim, a China ainda enfrenta desafios econômicos significativos. A contração no setor imobiliário continua sendo um grande obstáculo. Os ventos contrários de longo prazo para o crescimento incluem o encolhimento da população e a desaceleração do crescimento da produtividade.
Os novos estímulos econômicos na China
Diante desse cenário complexo e incerto, o governo chinês tem adotado uma série de medidas de estímulo econômico para garantir a estabilidade e a sustentabilidade do seu crescimento. Essas medidas incluem:
Uma política monetária mais flexível, com cortes nas taxas de juros e injeções de liquidez no sistema financeiro. O objetivo é reduzir o custo do crédito e estimular o consumo e o investimento.
Uma política fiscal mais expansionista, com aumento dos gastos públicos em infraestrutura, saúde, educação e proteção social. O objetivo é melhorar a qualidade de vida da população e aumentar a demanda agregada.
Uma política industrial mais inovadora, com incentivos ao desenvolvimento tecnológico, à diversificação produtiva e à transição verde. O objetivo é aumentar a competitividade da China no cenário global e reduzir sua dependência de importações de matérias-primas e energia.
Uma política externa mais cooperativa, com a busca de diálogo e de solução de conflitos com os Estados Unidos e outros parceiros comerciais. O objetivo é ampliar o acesso da China aos mercados internacionais e fortalecer sua integração regional.
China: desaceleração ou transformação?
A China é a segunda maior economia do mundo e o maior exportador de bens. Por isso, o seu desempenho econômico tem um impacto significativo no comércio e no crescimento globais. Nos últimos meses, porém, surgiram sinais de que a China está enfrentando uma desaceleração, causada por fatores internos e externos. Mas será que essa desaceleração é tão grave quanto parece? E quais são as implicações para o mercado de commodities?
Apesar dos desafios, a China também tem demonstrado sinais de resiliência e capacidade de adaptação.
A reforma estrutural da economia, que visa reduzir a dependência das exportações e do investimento estatal e aumentar o papel do consumo privado e da inovação tecnológica.
A estabilidade financeira e cambial, que reflete o controle do governo sobre o sistema bancário e monetário. A China tem evitado uma crise sistêmica no setor imobiliário, intervindo seletivamente para evitar uma quebra generalizada das empresas endividadas.
A China está passando por um período de desaceleração econômica, mas isso não significa que o país esteja em crise ou em declínio. Pelo contrário, a China está passando por uma transformação estrutural da sua economia, que visa torná-la mais equilibrada, eficiente e inovadora.