A China se prepara para a reunião de política anual, conhecida como as Duas Sessões. O termo que deve orientar o encontro, em Pequim nesta semana, é “novas forças produtivas”. É isso que deve conduzir as decisões econômicas, tanto do governo central quanto em nível local. Portanto, é o que deve estar na mente das pessoas, interna e externamente.
Mas como é que as “novas forças produtivas” se enquadram no modelo de crescimento econômico chinês no futuro, que busca valorizar a qualidade em detrimento da quantidade?
O grande objetivo é o “rejuvenescimento da nação chinesa”, que será alcançado através da “modernização ao estilo chinês”. Na prática, é o desenvolvimento de alta qualidade que será movido pelas novas forças produtivas.
Inovação e tecnologia
Nas palavras do presidente chinês Xi Jinping. “desenvolver novas forças produtivas é um requisito intrínseco e um foco importante na promoção do desenvolvimento de alta qualidade, e é necessário continuar a aproveitar a inovação e a tecnologia”.
Inovação e tecnologia são, portanto, o motor essencial das novas forças produtivas. Ambas significam produtividade avançada, livre dos modelos tradicionais de crescimento económico. Possuir alta tecnologia, alta eficiência e alta qualidade está alinhada à nova filosofia de desenvolvimento do país.
São essas iniciativas que estão em andamento. A participação de indústrias estratégicas emergentes - como as novas energias, indústria de equipamentos de ponta e a biotecnologia - no Produto Interno Bruto (PIB) da China aumentou para mais de 13% em 2022, de 7,6% em 2014. Para 2025, a meta é superar a marca de 17%.
A ascensão dessas novas forças produtivas sinaliza uma mudança transformadora no cenário econômico da China, substituindo o antigo motor de crescimento por outros mais dinâmicos e, permitindo, assim, um desenvolvimento sustentável da economia.
A implementação de novas forças produtivas exige avanços contínuos em ciência e tecnologia, que introduzem tecnologias disruptivas, alimentam indústrias emergentes, melhoram as cadeias industriais e aceleram o processo de transição verdes.
Igualmente importante é aprofundar o processo de reforma e abertura, especialmente modernizando a gestão científica e tecnológica, removendo os gargalos e capacitando a atividade através de informações inteligentes.
A aceleração de novas forças produtivas depende de um setor privado vigoroso, que em todos os países gera mais inovações, mas que, nos últimos anos na China, foi atingido por regulamentações rígidas, além de condições adversas, como o impacto da pandemia e o ambiente externo complexo.
O que vem por aí
Agora, o Congresso Nacional do Povo deve discutir conjuntamente medidas para promover a economia privada, garantindo igualdade de tratamento com as empresas estatais no que diz respeito ao acesso a financiamento, recursos e contratos governamentais. Ao mesmo tempo, Pequim está fornecendo recursos para várias cidades chinesas para financiar grandes obras públicas com a participação do setor privado.
Mas existem desafios a serem superados: a persistente incerteza pós-Covid; o enorme endividamento dos governos locais; o declínio e a volatilidade do mercado de ações; o desemprego entre os jovens e a diminuição/envelhecimento da população, além das tensões internacionais.
Por isso, a expectativa é de que esse plano abrangente da China seja anunciado durante as Duas sessões. Ao que tudo indica, um plano está chegando.