Em abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizou as projeções para a produção e comércio global de carnes.
Em relação ao relatório de janeiro, a expectativa para a produção global de carne bovina aumentou 1,5%, com projeção de 60,4 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec.), o que equivale a uma evolução de 0,6% na comparação com o volume de 2023.
Para o Brasil a projeção é de 11,2 milhões de tec. acréscimo de 2,4% na produção de carne bovina, na comparação anual, uma evolução de 3,5% em relação à expectativa de janeiro, também para 2024. Perceba que o órgão não projeta manutenção do ritmo de aumento dos abates do início de ano, na comparação anual.
Para as exportações, o órgão diminuiu em 1,5% os embarques brasileiros de carne bovina, na comparação com a projeção de janeiro, mas ainda espera recorde e aumento de 1,1% na comparação com 2023. Considerando o ritmo de embarques do começo do ano, o cenário teria que mudar muito para que o acréscimo fosse tímido como esperam.
Outro ajuste importante para a carne bovina foi o incremento esperado para as importações dos Estados Unidos. No relatório de janeiro, a expectativa era de que as importações do país, que trabalha com preços recordes para a arroba, aumentassem 1,1% em 2024. Na projeção de abril, esse crescimento esperado passou para 12,0%, frente a 2023, com aumento de 10,8% na quantidade projetada para o ano.
Em relação à China, a previsão é de que o país compre 3,6% menos carne bovina, na comparação com 2023. No relatório de abril, houve diminuição de 2,8% na projeção, em relação à estimativa de janeiro.
Cabe o destaque que, mesmo com recuo das importações de carne bovina pela China, o patamar atual é bem superior ao de antes do surto de peste suína africana em 2018, que tornou o país nosso principal cliente. Esperamos que seja uma acomodação dos volumes e não uma inversão de tendência.
Figura 1. Evolução das importações de carne bovina pela China e projeção para 2024, em milhões de tec.
Fonte: USDA / Elaboração: HN AGRO
O cenário de menos oferta nos EUA, deixando a demanda da Coreia do Sul e do Japão mais dependente das vendas australianas, além das próprias compras da carne australiana pelos EUA, tende a deixar a China em uma situação de mais competição para compra de carne.
Nos primeiros três meses de 2024, as compras chinesas de carne in natura do Brasil foram recordes, com crescimento de 21,4% na comparação anual. Mesmo ponderando que em 2023 houve suspensão das vendas devido à BSE atípica, o que diminui a base de comparação, o volume de 2024 foi o maior já registrado.
Mesmo se a expectativa do USDA se confirmar e houver redução das compras chinesas de todas as origens, é provável que o Brasil ainda amplie as vendas ao destino, pelo ganho de participação, considerando o cenário global. Vamos acompanhando.