E foi na sexta feira dia 20 de janeiro de 2017 que começou o governo de um dos mais polêmicos candidatos à presidência norte-americana dos últimos tempos. Após uma campanha entre altos e baixos, denúncias e escândalos, gravações e e-mails secretos que a figura “anti-política” Donald Trump convenceu e venceu o posto do homem mais poderoso do mundo.
Assumir este posto é ao mesmo tempo um privilégio e uma maldição. Ganhar tantos holofotes de uma hora para outra é algo honrável e temeroso tudo ao mesmo tempo. Não é qualquer um que conseguiria assumir tal responsabilidade, pois é preciso ter sangue correndo nas veias para sentar no Salão Oval na Casa Branca, e isso Trump mostrou que tem (e muito)... sangue quente!
Com um jeitão meio garboso e truculento de dar as suas opiniões, Trump tem dado muitos dissabores aos seus antagonistas, dentre aqueles que ele apontou durante a sua campanha como responsáveis pela atual estagnação da economia norte-americana, tendo ele apontado como um dos principais vilões a segunda maior economia do mundo, a China, junto de sua política de desvalorização de sua moeda em guerras fiscais.
Trump no papel de mocinho segundo a visão dos americanos luta com todas as suas forças e recursos contra a malvada China, um país que rouba empregos de populações ao redor do mundo e impõem seus produtos xing-lings a todos. Isso dá até roteiro para cinema: China contra 007rump!
Com a promessa de barrar produtos estrangeiros e taxa-los a fim de aumentar a competitividade dos bens produzidos internamente, Trump convenceu a todos com seu discurso populista de que “A América vai ser grande novamente”.
Mas o presidente vai perceber ao longo do seu mandato o que Tom Jobim já descobriu faz tempo: “É impossível ser feliz sozinho”. E apesar de acreditar que os EUA é um país autossuficiente, a realidade é que Trump vai se ver cada vez mais entranhado nas teias da globalização e que vai ter de fazer algumas concessões para ter algum sucesso.
E a China já sabendo disso vem dando vários sinais e indiretas de que é sim uma nação respeitável e que merece algum mérito por estar na vice-liderança dentre todas as economias do mundo.
Pelo lado das indiretas, a China tem utilizado de diversas ferramentas para dar sutis “toques” ao novo governo americano de que tem estado bastante desconfortável com as atuais alegações de seu novo líder. Através de seus jornais estatais (que na verdade são um meio de difusão não oficial da opinião do partido) China Daily e Global Times o país tem emitido notas como “A China tomará ações efusivas” e “períodos de interações ferrenhas e nocivas será inevitável entre os dois países”, além de “Pequim tomaria duras contramedidas contra Trump”.
Um dos pontos mais polêmicos tocados por Trump é questão da China única, na qual o país asiático afirma ter controle sobre Taiwan, enquanto dissidentes dentro do país lutam pela liberdade de sua soberania, afirmando que Taiwan é um país separado. Trump erroneamente atendeu o telefonema de parabenização da presidente de Taiwan pela sua vitória, quando historicamente (e diplomaticamente) somente o presidente da China o pode fazer.
Para piorar, quando questionado sobre a sua opinião sobre a luta de libertação da ilha, Trump afirmou que a política da China única está em negociação e pode ser revista caso necessário.
O presidente é um ávido defensor de outro processo separatista, o Brexit, o qual afirmou que a votação favorável foi uma grande coisa e que está disposto a ter um excelente relacionamento comercial com o Reino Unido pós separação.
Já pelo lado das diretas, a China pediu formalmente que os EUA não permitissem a delegação de Taiwan de participar da possa presidencial, afirmando que o governo do país tem se utilizado destas brechas diplomáticas para difundir os ideais de libertação da ilha sob comando chinês. Foi pedido também que os representantes de Taiwan tivessem tampouco acesso à equipe do presidente em encontros oficiais.
Tamanho é o desconforto com a nova onda isolacionista de seu maior parceiro comercial que o presidente da China, Xi Jinping, foi pela primeira vez na história do país participar do Fórum Econômico Mundial, feito jamais realizado por outro presidente. Segundo os jornais estatais, a pauta principal de Xi foi a defesa de um mundo mais interativo, globalizado e economicamente conectado (pasmem).
O presidente chinês afirmou que espera manter saudável a relação entre os países, tal qual no governo Obama e que quaisquer pendências e disputas entre os países deve (e pode) ser discutida de maneira formal, sem ataques ou especulações.
Seja através de indiretas da mídia chinesa ou de forma aberta através de porta vozes e até do próprio presidente, a China já deixou bem claro que não está de brincadeira e que tem armas econômicas para fazer um grande estrago em uma economia americana que mal acabou de se levantar e que ainda se sustenta sobre pernas trêmulas.
Te cuida Trump!