O Facebook (NASDAQ:FB) (SA:FBOK34) ganhou as manchetes nos últimos dias pelos motivos errados. A rede tem sido alvo da fúria dos usuários australianos após bloquear sites de notícias em sua plataforma para se opor a uma proposta de lei que obrigará a gigante das mídias sociais e o Google (NASDAQ:GOOG) (SA:GOGL34) a pagar aos editores daquele país por seu conteúdo informativo.
O surpreendente movimento do Facebook desativou as principais fontes de notícias para quase um em cada cinco australianos, inclusive as páginas do Facebook com orientações de saúde pública sobre o coronavírus, alertas do departamento de clima e até mesmo um hospital infantil, de acordo com a Bloomberg.
Os 17 milhões de usuários australianos dessa plataforma de mídia social não podem mais compartilhar qualquer notícia do seu país ou de publicadores internacionais. O movimento também impede que os 2,8 bilhões de usuários do Facebook no mundo compartilhem artigos de publicadores da Austrália.
A legislação, que ainda está sendo debatida no parlamento, pode obrigar as empresas de rede social a pagar os meios de comunicação por matérias que forem compartilhadas em suas redes. De acordo com a proposta de lei da Comissão de Proteção ao Consumidor e à Concorrência da Austrália, tanto o Google quanto o Facebook deverão negociar com os órgãos de mídia e remunerá-los pelo conteúdo que aparecer em seus sites. Se aprovada e sancionada em seu formato atual, a legislação australiana estabelecerá um precedente para outras jurisdições mundiais.
O Google, por outro lado, adotou uma postura mais conciliatória ao começar a firmar contratos de pagamento aos publicadores. A empresa divulgou um acordo mundial de três anos com a News Corp (NASDAQ:NWSA) (SA:N1WS34), de Rupert Murdoch, para pagar pelas notícias do veículo, após diversos acordos similares nos últimos dias.
Ações do Facebook perdem força
A batalha pública que as gigantes das redes sociais estão travando na Austrália ocorre juntamente com vários processos abertos nos EUA e na União Europeia no intuito de restringir seus grandes impérios e monopólio sobre o mercado de redes sociais e pesquisa na internet.
Em dezembro, a Comissão Federal de Comércio e 46 estados americanos processaram a empresa, acusando-a de comprar e congelar pequenas startups para sufocar a concorrência.
É difícil prever quando e como esses desafios jurídicos começarão a afetar os negócios do Facebook e sua capacidade de geração de caixa, mas é bastante óbvio que o FB está se tornando uma ação menos desejada nos últimos dias, por causa dessas controvérsias e publicidade negativa.
Seus papéis ficaram muito aquém do desempenho de outros nomes do setor, como Google, Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) e Snap (NYSE:SNAP) (SA:S1NA34) neste ano. O Facebook registra queda de 2% neste ano, enquanto todos os outros concorrentes viram suas ações disparar entre 20% e 35%.
Será que essa batalha que o Facebook tem dificuldade para vencer está fazendo os investidores perderem a fé na empresa?
Talvez esse seja o caso no curto prazo, porém, mesmo com esses desafios políticos e regulatórios, há evidências muito fortes de que a empresa de Mark Zuckerberg e seus anúncios digitais estão saindo mais fortes da desaceleração induzida pela pandemia. No último trimestre, o Facebook registrou receita e lucro recordes, graças aos gastos nas festas de fim de ano, além de a pandemia ter aumentado o uso das suas plataformas.
Analistas da BMO disseram em uma nota recente:
“O risco antitruste e político é alto, mas vemos que ele já foi precificado na recente correção. Embora o FB esteja enfrentando processos formais, acreditamos que o risco de ação material nos próximos 12 meses é relativamente baixo”.
Enquanto o Facebook restringe seu feed de notícias, os investidores acompanham de perto outras iniciativas da empresa para diversificar seus negócios.
As ferramentas de comércio eletrônico do Facebook, como o Marketplace, podem se tornar grandes unidades de negócio no longo prazo. Instagram Shopping, Reels e Facebook Marketplace podem gerar US$ 3 bilhões de receitas adicionais para a companhia neste ano, de acordo com uma nota recente do Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34).
Resumo
O Facebook é uma ação que deve deixar a desejar no curto prazo, enquanto luta para proteger seu domínio em meio a desafios políticos e regulatórios. Dito isso, a base de mais de 2 bilhões de usuários da empresa e suas ferramentas para pequenas empresas continuam fazendo com que suas ações sejam um investimento atraente no longo prazo.