Estamos chegando ao último mês deste ano. Um dos piores anos da história, dos mais difíceis, dos mais diferentes.
Até para os nossos investimentos foi um ano completamente desafiador. Tivemos uma queda de mais de 40 por cento na bolsa, seguida de uma alta absolutamente impressionante, nos levando para apenas 7 por cento do topo do ano.
Tivemos stops dos gestores institucionais e entrada das "Sardinhas" que, pela primeira vez na história, triunfaram.
Muita gente aqui começou a se informar sobre investimentos este ano, procurando alternativas de retorno para fugir dos 2 por cento de Selic.
Este ano foi tão cheio de lições que não deve ser esquecido nunca pelo investidor.
Separei aqui 6 lições aprendidas que, por serem tão importantes, deveriam virar princípios. Segue a minha lista:
- Por mais que você estude, entenda dos ativos, compre bons ativos, você ainda assim pode perder um bom dinheiro, no curto prazo, por conta do imponderável.
Esse ensinamento é importante, pois te dá a coisa mais valiosa que um investidor pode ter: humildade. Quem imaginava em janeiro que teríamos quedas na bolsa de 40 por cento por conta de uma pandemia? Imagine todos os investidores que estavam comprados em excelentes e lucrativas empresas, mas viram seu patrimônio derreter? Esses eventos de "cisne negro" acontecem! Não são antecipáveis e pegam o investidor alavancado de calças curtas.
Mesmo que você tenha um bom investimento, terá prejuízo no curto prazo. Por isso que dizemos que seu horizonte de investimentos tem que ser o médio e o longo prazo. Pois tudo pode acontecer no curto prazo!
- O que é bom, se recupera. O que é ruim, não.
Se você comprou bons ativos, você tem um hedge (seguro) natural contra quedas de preços. Podemos perceber que, embora a crise tenha jogado o preço de todas as ações para baixo, boa parte delas já se recuperou por completo ou está muito próxima das máximas anteriores.
O preço das boas ações de empresas lucrativas tende a voltar para o bom fundamento no médio e longo prazo. Ter essa convicção é muito importante para evitar decisões emocionais – como zerar toda a sua carteira no meio do turbilhão.
- Ter boas empresas vai te dar tranquilidade para não zerar nada.
Você não vai conseguir não zerar suas posições tendo ações ruins. Ações de empresas muito arriscadas vão te dar uma baita insegurança sobre a capacidade delas de contornar uma crise. Será que elas vão falir? Será que o mundo será completamente diferente do que é hoje?
Quantas pessoas não disseram durante o auge da pandemia que o home office seria para sempre? Que as crianças começariam a fazer ensino a distância? Se você tem crianças em casa, já percebeu que isso não funciona.
Mas imagine tudo isso sendo repensado e você com ações de empresas endividadas, com baixo crescimento e de setores prejudicados na crise? Difícil segurar, não é mesmo?
- Pessoas físicas podem se dar ao luxo de segurar posições, fundos não.
A maioria das pessoas físicas acha que os gestores profissionais são muito melhores que elas mesmas na gestão. Mas isso não é necessariamente verdade.
Por um lado, o gestor profissional passa o dia todo olhando para isso e estudando o mercado, recebendo um maior número de informações. Por outro, o gestor profissional tem que seguir várias regras de risco, que muitas vezes o impedem de segurar uma boa posição pelo tempo que durar a crise.
A queda agressiva na bolsa foi principalmente gerada pelos fundos zerando agressivamente suas posições. Quem comprou na mínima e ganhou toda essa recuperação? As sardinhas! Isso mesmo, nós, pessoas físicas, que não temos cotas para mostrar para ninguém.
Nós temos o privilégio de poder segurar a bucha e mirar no médio e longo prazo. Zerar durante uma queda vai te deixar um prejuízo acumulado que será muito difícil de recuperar. Use esse privilégio de forma sábia. Mantendo as BOAS posições. Não o utilize indiscriminadamente, sendo teimoso com empresas RUINS. Não seria inteligente.
- Use a aleatoriedade do curto prazo a seu favor.
No curto prazo tudo pode acontecer, já que as notícias e os fluxos contaminam fortemente os preços, portanto use essa aleatoriedade a seu favor. Ou seja, use uma queda forte ou um medo crescente para ter bons pontos de entrada e de saída das suas posições.
Uma queda muito forte pode ser a chance que você queria para entrar em uma ação. Uma euforia muito grande com um setor pode ser a chance que você queria para sair de outra ação.
O fundamento sempre será o pano de fundo. Mas a aleatoriedade dos preços te dará um bom tempo de mudança na sua carteira.
Isso de forma alguma quer dizer "fazer day trade". Não se esqueça: no curto prazo, os preços são bem mais aleatórios. Você pode comprar uma boa empresa e ela cair simplesmente por conta de um fluxo, sem que nada tenha mudado. Estudos da FGV mostram que apenas 5 por cento dos day traders se dão bem, exatamente por conta dessa aleatoriedade. E os que se dão bem geralmente têm uma baita estrutura por trás.
Sua chance de ganhar dessa forma é baixíssima. Você pode mesmo assim tentar ir por esse caminho, o que não é muito racional, ou você pode se manter no fundamento de médio e longo prazo, que aumenta suas chances de sucesso de 5 para 90 por cento.
- Vocês podem sempre contar com uma ajuda profissional no início.
O início é sempre mais difícil, e você pode não dominar completamente os conceitos ainda. Nesse momento, é muito mais fácil passar por toda a turbulência com um acompanhamento profissional do lado.
Vamos juntos para 2021? O que será que nos aguarda?