Recentemente, marcas como Brisanet (SA:BRIT3), Unifique (SA:FIQE3) e Desktop (SA:DESK3) surgiram de surpresa, causando curiosidade como opções de investimento na Bolsa. Afinal, quem não acompanha de perto o mercado de fibra óptica e provedores regionais de internet no Brasil dificilmente já teria ouvido falar dessas empresas. Mas ao se tornarem conhecidas para este público, essas companhias tiveram o importante papel de jogar luz sobre um efervescente ambiente de negócios que tem registrado fusões e aquisições praticamente todas as semanas, como forma de preparação para o que deve ser o futuro deste setor, com a chegada do 5G e outras inovações.
Para entender o que acontece neste mercado, é preciso levar em conta que se trata de um setor com um nível de fragmentação muito elevado. Prova disso é que as empresas encontram representação em duas entidades, a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) e a Associação Brasileira de Internet (Abranet), sendo que ambas possuem milhares de organizações filiadas. Isto sem considerar as companhias que não procuram participar de maneira formal de entidades deste tipo.
Com toda essa variedade de portes e modelos de negócios, algumas tentativas de dimensionar o tamanho deste mercado, como a da consultoria GlobalData, chegaram a afirmar no ano passado que o Brasil movimentaria uma receita de US$ 2,9 bilhões em 2021 com serviços de internet. Isto significa um montante de R$ 15 bilhões, o que corresponde a R$ 5 bilhões apenas para os ISPs, já que, segundo estimativas, estas empresas representam algo como 30% deste mercado.
Diante de todas essas cifras e das oportunidades que se oferecem para os próximos anos, este segmento está extremamente aquecido e deve registrar um movimento muito intenso de fusões e aquisições nos próximos meses. E isto não se restringirá apenas aos casos que ganham publicidade ao fazerem IPO na Bolsa.
Praticamente todas as semanas surgem notícias sobre a aquisição de um ISP por outro. Alguns casos são emblemáticos, como o Vero, por exemplo, que começou sua estratégia adquirindo sete provedores regionais no Estado de Minas Gerais. Num segundo momento eles chegaram ao Sul do país e mais recentemente em São Paulo e já surgem notícias de que também estaria preparando o IPO. Expansão semelhante ocorreu com o Aloo, a partir do Nordeste , passando pelo Sudeste e chegando também ao Centro Oeste.
A maior parte das empresas de maior musculatura do setor tem como estratégia clara a iniciativa de ganhar território no atual momento, ganhar corpo para se tornarem maiores ainda, mais conhecidas para, num futuro próximo, chamarem a atenção de investidores corporativos de um patamar mais elevado.
É um fenômeno que não está acontecendo somente no Brasil. Este aquecimento do volume de negócios está ocorrendo no mercado de ISPs em diversos outros países devido a uma conjunção de fatores. O fato é que os grandes incumbentes estão totalmente focados na expansão da cobertura móvel, nas disputas do 5G e outras questões. Desta forma eles não estão expandindo suas redes físicas e este fator cria a oportunidades para os provedores regionais. Como existem fortes indícios de que o foco dos grandes players não vai mudar no curto prazo, certamente há espaço para o surgimento de muitos negócios envolvendo provedores regionais. O território brasileiro é grande e isso garante uma variedade imensa de oportunidades ideais para quem quer fugir das oscilações dos mercados tradicionais e obter ganhos reais em mercados alternativos.