Desde o início do ano, a Chainlink apresentou valorização de 40% em dólar. Apesar da tendência de baixa geral do mercado de criptomoedas, o ativo tem se destacado como um dos principais do setor. Esse movimento ocorreu por conta de inúmeras alterações anunciadas no protocolo que podem fazer com que o ano de 2022 seja um dos melhores para o ativo. Contudo, para compreender o potencial deste projeto, primeiro é fundamental entender o porquê de sua aplicação ser tão importante para o mercado.
A Chainlink busca ser a ponte entre os dados presentes no mundo externo e na blockchain (oráculo), possibilitando o desenvolvimento de inúmeros modelos de negócios por meio de contratos inteligentes. Esta descrição é, a meu ver, uma boa definição do protocolo.
O ativo possui um papel fundamental na parte de infraestrutura do mercado de finanças descentralizadas (DeFi) e de games em blockchain, dois dos principais setores do mercado, interligando dados off-chain com o ecossistema de blockchains, o que permite a existência de modelos de negócios como tokens sintéticos e lending.
Duas das maiores aplicações do mercado DeFi utilizam o recurso, como a Aave e Curve. Pode-se afirmar, inclusive, que grande parte das aplicações em blockchain atualmente sequer existiriam se não fossem por meio de protocolos, como a Chainlink. Com 80% dos contratos inteligentes necessitando de dados que não estão presentes na blockchain, este ativo tem um papel fundamental no aumento da utilidade das aplicações na rede.
O ano de 2021 foi marcado pela expansão das aplicações em blockchain e por consequência foi um dos melhores anos em termos de crescimento para a Chainlink. Atualmente, o protocolo está integrado com mais de mil aplicações do mercado de criptomoedas em mais de 12 plataformas diferentes.
Resultados da Chainlink em 2021
Fonte: Chainlink
Apesar do grande crescimento, o token LINK valorizou apenas 77% no último ano, capturando muito pouco do crescimento de seu ecossistema, causado pela grande política monetária expansiva do ativo. Um ponto importante em relação aos tokens investidos, é compreender o momento da política monetária do protocolo. No caso de Chainlink, existia um grande problema atrelado ao Free Float (tokens em circulação) do projeto, que era baixo, de modo que uma grande parte estava concentrada na mão do time do ativo (30% da oferta) e para políticas de incentivo do projeto (35% da oferta).
Caso esses tokens entrassem em circulação através da venda por parte da equipe, este processo teria um impacto negativo no preço, e foi exatamente o que ocorreu no ano passado.
Fonte: Glassnode
Esta entrada significativa de tokens no último ano afetou o preço do ativo, além de causar insegurança nos investidores, que não tiveram justificativas razoáveis para este processo. Dessa forma, existe a necessidade de maior clareza da política monetária, além de melhora na captura de valor do crescimento do ecossistema da Chainlink por meio do token.
Mudança significativa em 2022
O início deste ano começou muito bem para a Chainlink. Durante live realizada pelo CEO, Sergey Nazarov, foi anunciado para 2022 a implementação do formato de staking, que terá dois objetivos principais: maior segurança da rede, com os validadores deixando seus tokens como garantia para as informações prestadas, e maior atratividade de validadores para rede, por conta do aumento de incentivos econômicos.
Além da melhora no modelo de negócio, este formato aumenta o valor capturado do token LINK em relação ao crescimento da rede, e tem impacto direto no custo de oportunidade dos validadores de venderem o ativo, o que resulta em uma maior escassez.
Outro ponto anunciado foi o formato de CCIP (Cross-Chain Interoperability Protocol), um produto que tem como objetivo realizar a integração de aplicações em blockchains diferentes, uma das principais dificuldades enfrentadas no mercado DeFi atualmente, após o surgimento de inúmeras redes. Esse ponto, que deve ser lançado ainda este ano de acordo com as informações divulgadas do CEO do projeto, tende a ser, ainda, um grande fator de atratividade de clientes para o protocolo.
Essas duas mudanças podem representar um grande avanço para o protocolo, de modo que o token LINK consiga capturar todo o crescimento desta solução, o que por sua vez é essencial para o mercado de criptomoedas, por consequência se tornando um ativo valioso.
Devemos nos atentar para a questão da grande concentração de tokens do time e a sua venda ao mercado para custear o desenvolvimento do projeto. Entretanto, à medida que há perspectiva de implementação do formato de staking, esse processo deve se tornar cada vez menos interessante.
Por mais que o momento atual do mercado não esteja favorável devido a fatores macroeconômicos, bons projetos de criptoativos tendem a manter e até aumentar o seu valor. Estudá-los e analisar os impactos de suas mudanças pode ser uma excelente estratégia para o investidor.