Os preços de trigo em grão reagiram em março, recuperando parcialmente as quedas registradas nos dois primeiros meses do ano, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O impulso veio da menor disponibilidade do cereal, reforçada pelo baixo interesse de venda de produtores, que estão priorizando a colheita e a comercialização de soja e/ou milho.
Em março, no mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços aumentam 3,15% em Santa Catarina, 2,93% em São Paulo e 0,28% no Rio Grande do Sul. Por outro lado, no Paraná, o cereal se desvalorizou 0,37%. No mercado de balcão (preço pago ao produtor), o aumento foi de 0,50% no Rio Grande do Sul e de 0,25% no Paraná no período.
Em São Paulo, moinhos locais voltaram a demonstrar interesse em novas compras do grão, em especial nas últimas semanas do mês, no intuito de reabastecer estoques. No Rio Grande do Sul, apesar da maior parte dos compradores estar ausente da aquisição de novos lotes de trigo, a baixa oferta, principalmente após os leilões realizados pelo governo, sustentou os preços.
Para a nova safra de trigo, produtores já adquiriram os insumos necessários. Porém, segundo colaboradores do Cepea, as comercializações estiveram menores em março/17 em relação ao mesmo período do ano anterior. Na região de Ponta Grossa (PR), as vendas de sementes em março caíram em torno de 50% frente à safra anterior devido à menor área de plantio às incertezas climáticas para a temporada.
No Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Rondônia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, as comercializações de trigo e farinhas e misturas passaram a operar com maiores valores de ICMS. No caso do trigo foi para 40% e para farinhas e misturas, 36,36%. Com isso, as comercializações regionais podem ser desfavorecidas e as negociações entre nordeste e sul do País devem aumentar, mesmo com os custos logísticos.
FARINHA - Principalmente nas últimas três semanas de março, em São Paulo, as vendas de farinhas melhoraram devido à um maior consumo de carboidratos, visto que houve uma leve redução na temperatura. Porém, na última semana do mês, segundo colaboradores do Cepea, as compras das indústrias alimentícias diminuíram, devido à dificuldade de comercialização dos
produtos finais no atacado. A farinha para bolacha doce, pré-mistura e panificação apresentou desvalorizações significativas de 273%, 1,02% e 1,37% respectivamente. Para massas frescas, o recuo foi de 0,15% e bolacha salgada, 0,66%. Para massas em geral houve ligeira valorização de 0,38% no período.
FARELO - Para o farelo de trigo, em especial no Paraná, a disponibilidade esteve restrita na última semana de março, devido à menor moagem de farinha no período. A demanda esteve enfraquecida durante todo o período, já que compradores adquiriram milho em detrimento do farelo. Neste cenário, as médias das regiões em março apresentaram fortes reduções de 6,30% para o
farelo à granel e 4,03% para o ensacado.
INTERNACIONAL – Nos Estados Unidos, as cotações oscilaram no decorrer de março. Em geral, os futuros recuaram, devido à recuperação da umidade do solo no Meio-Oeste e nas Grandes Planícies e também às estimativas de estoques globais amplos. Entretanto, influenciadas pelas perspectivas de redução no plantio do cereal daquele país, os contratos futuros fecharam em
alta no último dia do mês.
O contrato de trigo Soft Red Winter CME Group apresentou leve alta de 0,4% para o vencimento Maio/17, fechando a US$ 4,2650/bushel (US$ 156,71/t). Para o vencimento Jul/17 as cotações desvalorizaram 1,1%, encerrado o mês a US$ 4,3900/bushel (US$ 161,30/t). Na bolsa de Kansas, os vencimentos Maio/17 e Jul/17 registraram fortes reduções de 6,8% e 6,4%, fechando a US$ 4,2050/bushel (US$ 154,50/t) e US$ 4,3375/bushel (US$ 159,37/t) respectivamente.
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO- Em março, as importações brasileiras totalizaram 588,12 mil toneladas, volume 21,9% maior em comparação com o mês anterior. Da quantidade importada, 85,2% vieram da Argentina, 11,3%, dos Estados Unidos e 3,5% do Paraguai, segundo dados da Secex. No segmento das farinhas, as importações avançaram 14,6% entre um mês e
outro, passando de 32,3 mil toneladas para 37,02 mil toneladas em março. Já as exportações brasileiras reduziram em 40% de fevereiro para março, somando 125,63 mil toneladas. Dentre os principais destinos estiveram A Coreia do Sul, Mauritânia e Vietnã.
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