TRIGO EM GRÃO – Como tradicionalmente ocorre em anos de boas safras, nesta, os preços do trigo ao produtor caíram fortemente. O movimento de baixa foi iniciado em agosto, quando as estimativas passaram a indicar crescimento na produção deste ano. Ainda que a valorização do dólar possa gerar expectativas de maiores cotações em 2017, já que encarece a importação e favorece a exportação, agentes brasileiros não tiveram interesse em negociar neste momento.
Com isso, desde meados de setembro, os valores ao produtor estiveram abaixo do mínimo vinculado à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do Governo Federal, de R$ 38,65/saca de 60 kg (ou R$ 644,17/tonelada) para a região Sul do País. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre outubro e novembro, as cotações no mercado de lotes (negociações entre empresas) caíram 13,6% no RS e 1,3% no PR; em SP, houve alta de 1,7%. No balcão (preço pago ao produtor), a queda foi de 9,5% no RS e de 2% no PR. Segundo colaboradores do Cepea, com a desvalorização do trigo, houve indústrias de ração de SC que compraram o cereal do RS, já que os preços estiveram mais competitivos em relação ao milho adquirido no PR.
No PR, segundo informativo do Deral/Seab a colheita finalizou em novembro. As pequenas perdas de produtividade no norte central do estado foram compensadas pelas produtividades acima da média no oeste, sudeste e sul. A produção paranaense foi estimada em 3,4 milhões de toneladas, com produto colhido de boa qualidade. No RS, com a colheita finalizada, a produção e a qualidade desta safra superaram as expectativas.
FARINHA - No mercado de farinhas, os preços também caíram e a liquidez seguiu baixa em novembro. Compradores adquiriram o derivado apenas quando havia necessidade, visto que o consumo dos produtos finais seguiu sem reação expressiva. Entre os moinhos, alguns de pequeno porte retomaram o processamento, se mostrando mais flexíveis a preços inferiores, principalmente na região Sul. Comparandose a média da última semana de novembro com a da mesma semana de outubro, as farinhas para bolacha doce se desvalorizaram 5,52%; as para massas em geral, 4,81%; as para bolacha doce, 4,04%; as para panificação, 3,78% e as para pré-mistura (cotadas em sacas de 25 kg), de 3,67%.
FARELO – Os valores do farelo de trigo caíram com mais força em novembro na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea.
O recuo esteve atrelado às desvalorizações do trigo em grão, à maior oferta do derivado – devido à elevação no processamento – e à menor demanda pelo produto por parte das indústrias de ração, em decorrência da melhora nas condições das pastagens. Além disso, a queda nas cotações do milho também influenciou as desvalorizações do farelo. Entre a última semana de novembro e o mesmo período de outubro, houve queda de 10,3% no preço médio do farelo a granel e de 5,74% no do ensacado, considerando-se a média das regiões acompanhadas.
INTERNACIONAL - Nos Estados Unidos, os preços caíram, devido aos amplos estoques mundiais e norte-americanos, a chuvas favoráveis no sul das Grandes Planícies daquele país e à alta do dólar, que torna o cereal menos atraente para compradores mundiais. Na Argentina, o aumento na produção desta safra deverá ser de 21% sobre a campanha anterior, totalizando 12,5 milhões de t.
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – Em novembro, chegaram aos portos brasileiros 700,7 mil toneladas de trigo, volume 12,2% maior que o de outubro e 42,9% acima do de nov/15 (Secex). Do volume importado, 51% vieram da Argentina e 30%, dos Estados Unidos. Quanto às exportações, em outubro, foram embarcadas 234,91 toneladas. Para as farinhas, o volume importado em novembro cresceu 15% em comparação com outubro e 60,8% sobre nov/15, a 37,934 mil t.
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