Março foi marcado pela expectativa da chegada da safra 17/18 na região CentroSul. Volumes significativos foram ofertados para liberar espaços nos tanques para o produto da nova safra, já que algumas usinas iniciaram a moagem em março. As distribuidoras, já abastecidas anteriormente, realizaram apenas negócios pontuais no mercado spot. Além disso, a pressão sobre os preços também veio da entrada de etanol de outros estados, principalmente de Goiás e Mato Grosso do Sul, nas bases paulistas.
Na segunda quinzena, os preços seguiram com forte queda, apesar do maior interesse por parte de algumas distribuidoras. Para o etanol anidro, a demanda aumentou, mas ainda não foi suficiente para impulsionar os preços. Além disso, agentes focaram no fechamento de volumes contratados para o abastecimento da próxima safra.
De acordo com dados da Unica, a expectativa é de que 90 usinas estejam produzindo até o final de março na região Centro-Sul, frente às 120 unidades ativas no mesmo período de 2016. Entre abril/16 e 16 de março/17 (safra 16/17), foram processadas 599,16 milhões de toneladas no Centro-Sul, queda de 0,74% com relação ao mesmo período da temporada anterior (dados da Unica). O volume da produção de anidro foi 0,41% maior, chegando a 10,57 bilhões de litros, enquanto a produção de hidratado caiu 13,8%, para 14,75 bilhões de litros. O mix de produção, até esse período, era de 53,6% para o etanol e de 46,4% para o açúcar, frente aos 40,8% para o adoçante na temporada 2015/16.
Embora o etanol hidratado siga em desvantagem frente à gasolina C nas bombas, houve uma pequena melhora da competitividade no último mês, já que a relação de preços entre o etanol hidratado e a gasolina C nos postos de SP foi de 72,5% em março, frente aos 75,8% no mês anterior, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo). No apanhado da safra 16/17, a média do hidratado no estado de São Paulo foi de R$ 2,50/litro de abril/16 a março/17 (frente a R$ 2,26/l da temporada anterior), correspondendo a 71% do preço médio da gasolina C, de R$ 3,53/l – contra R$ 3,30/l na safra anterior, quando a relação foi de 68%.
As vendas de etanol hidratado em todo o território brasileiro caíram 21%, para 12,8 bilhões de litros, de abril/16 a fevereiro/17, de acordo com dados da ANP. Por outro lado, as vendas de gasolina C cresceram 5,9% no mesmo período, totalizando 39,8 bilhões de litros.
No front externo, as exportações de etanol somaram 45,5 milhões de litros em março, volume 24,5% menor que o de fevereiro e 78% inferior ao do mesmo período de 2016, ainda segundo dados da Secex. A receita foi de US$ 29,4 milhões, respectivos recuos de 32,4% e 72,3% na mesma comparação. No total da safra 16/17, as exportações do etanol (anidro e hidratado) brasileiro somaram 1,36 bilhão de litros, queda de 36,9% em relação ao mesmo período da temporada anterior, conforme dados da Secex. A receita foi de US$ 727 milhões no acumulado da safra, recuo de 27,4%. O principal importador do produto nacional foram os Estados Unidos.
Nos estados do Nordeste, mesmo com a oferta restrita dos etanóis devido ao fim da safra 16/17 para boa parte das usinas, o preço dos produtos seguiu em baixa em março/17, devido, principalmente, à presença de etanol anidro importado, que têm chegado aos portos brasileiros em grandes quantidades e a valores mais competitivos, pressionando as cotações.
Usinas do Nordeste se reuniram durante o mês para solicitar à CAMEX (Câmara de Comércio Exterior) a taxação do produto importado, na tentativa de tornar o preço do etanol brasileiro novamente competitivo no mercado nacional. Em Pernambuco, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado teve média de R$ 1,6861/l em março (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins), queda de 1,98% em relação à do mês anterior. Quanto ao anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ caiu 6% no mês, indo para R$ 1,9271/l (sem frete e sem PIS/Cofins). O Indicador CEPEA/ESALQ mensal do hidratado em Alagoas teve média de R$ 1,7106/l (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins) em março, queda de 2,88% frente à média do mês anterior. Para o anidro, o Indicador teve média de R$ 1,8418/l (sem frete e sem PIS/Cofins), baixa de 8,29%. Na Paraíba, o Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado caiu 3,40%, fechando a R$ 1,6518/l (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins). O Indicador mensal CEPEA/ESALQ do anidro teve média de R$ 1,9906/l (sem frete e sem PIS/Cofins) em março, queda de 4,39%.
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