Os preços internos da soja e dos derivados seguiram em queda em março, registrando os menores patamares reais desde dezembro/11 – valores deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/17. A produção recorde da safra 2016/17 nos Estados Unidos e no Brasil, os maiores produtores mundiais da oleaginosa, são fatores que pressionaram as cotações, mesmo com demanda externa firme, principalmente chinesa.
A expressiva oferta de grãos no mercado nacional, causada pelo avanço da colheita e finalização das atividades na região Centro-Oeste e no estado do Paraná, levou sojicultores brasileiros a ofertarem maiores lotes durante o mês, apesar dos preços baixos, elevando a liquidez interna. Considerando-se que desde o ano passado muitos agricultores preferiram não antecipar os negócios, suas produções de soja e milho se mantiveram em armazéns de cooperativas e cerealistas, resultando em necessidade de escoar pelo menos parte desse volume. Além disso, com o fim do mês e com o vencimento de parcelas de custeio, alguns produtores precisaram fazer caixa.
No primeiro trimestre, saíram dos portos nacionais mais de 13,4 milhões de toneladas de soja, aumento de 24% em relação ao mesmo período de 2016 (10,8 milhões de toneladas) e volume recorde para o intervalo, segundo dados da Secex. Considerando-se apenas março/17, as exportações totalizaram 8,9 milhões de toneladas, mais que o dobro da quantidade embarcada em fevereiro, e 7,2% acima do exportado em março/16. O preço médio recebido pelas vendas externas do grão foi de R$ 73,82/sc de 60 kg no mês passado, baixa de 0,87% no comparativo mensal e de 4,73% no anual.
Já as vendas externas de farelo e óleo de soja estiveram enfraquecidas no primeiro trimestre de 2017, diante do prêmio de exportação mais atrativo na Argentina, maior exportador mundial desses derivados. De farelo, foram enviadas ao exterior 3,26 milhões de toneladas, 7,4% abaixo do registrado nos três primeiros meses de 2016 (3,5 milhões de toneladas). Em março, especificamente, os embarques foram de 1,15 milhão de toneladas de farelo, aumento de 62,9% em relação a fevereiro, mas queda de 22,6% frente a março/16. Embora o volume exportado tenha recuado em um ano, o preço recebido pelas vendas subiu 11,7% no comparativo mensal e 0,8% no anual, para R$ 1.171,76/tonelada em março, ainda conforme a Secex.
De óleo de soja, foram embarcadas 248,5 mil toneladas nos três primeiros meses de 2017, queda de 10,6% na comparação com o
mesmo período de 2016 (222,24 mil toneladas). Em março/17, os envios somaram 101,6 mil toneladas, 34,5% acima do registrado em fevereiro, mas queda de 7,3% frente ao mesmo período do ano passado. O preço médio do óleo de soja foi de R$ 2.355,37/toneladas, queda de 5% em relação a fevereiro/17 e de 11,5% em relação a março/16 – dados da Secex.
Mesmo com a demanda externa aquecida, os prêmios brasileiros caíram no mês de março, Com os valores internos em queda, o grão brasileiro se mostra mais atrativo no mercado mundial, mesmo com a queda do dólar – em março, inclusive, grande parcela dos negócios foi destinada à exportação. Dados apontam que a soja nacional está chegando à China cerca de 5 dólares/tonelada mais barata que o produto norteamericano.
Em março/17, a média ponderada dos valores no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, foi de R$ R$ 64,92/sc de 60 kg, a menor desde dezembro de 2011, quando foi de R$ 63,83/sc de 60 kg, em termos reais. Foi, também, 5,6% inferior à de fevereiro/17 e 11,4% abaixo da de março/16. O Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa teve média de R$ 70,01/saca de 60 kg em março, queda de 5,2% frente à de fevereiro/17, 10,3% inferior à de março/16 e a menor, em termos reais, desde fevereiro/12. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as quedas goram de 6% nos mercados de balcão (preço pago ao produtor) e de lotes (negociações entre empresas) na comparação entre fevereiro e março.
No mercado de derivados, a baixa demanda enfraqueceu as cotações. Os valores do óleo de soja caíram 3,7% entre fevereiro e março, a R$ 2.539,44/tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS). Quanto ao farelo de soja, os preços cederam 4,9%, na média das praças acompanhadas pelo Cepea.
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