O preço do açúcar cristal negociado no mercado spot paulista teve novas altas em outubro, ultrapassando os R$ 100 a saca de 50 quilos no final do mês, o maior patamar nominal de toda série histórica do Cepea. No dia 31, o Indicador CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) fechou a R$ 100,88/sc, acumulando aumento de 6,5% em outubro. A média mensal foi de R$ 97,93/scde 50 kg, 11,5% superior à de setembro (R$ 87,83/sc) e 50,7% maior que a de out/15 (R$ 64,98/sc), em termos nominais.
O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF – Santos também acumulou alta em outubro, de 6%, fechando a R$ 98,80/sc de 50 kg no dia 31. A média mensal deste Indicador foi de R$ 96,00/sc de 50 kg, 10,2% superior à de setembro (R$ 87,15/sc de 50 kg) e 44,3% acima da de out/15 (R$ 66,52/sc de 50 kg), em termos nominais.
Mesmo com a produção de açúcar crescendo e com demanda desaquecida no spot, representantes de usinas elevaram os valores de suas ofertas de venda. Esse cenário pode estar atrelado ao maior direcionamento do açúcar produzido no Brasil ao mercado externo.
De acordo com dados da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), foram processadas 31,98 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul na primeira quinzena de outubro, queda de 11,9% frente a igual período do ano passado (36,31 milhões de toneladas). A produção de açúcar, no entanto, alcançou 2,24 milhões de toneladas, alta de 6,8% na comparação anual.
No Nordeste, os preços também seguiram firmes em outubro, sustentados, entre outros motivos, pelas valorizações no spot paulista. Do lado da demanda, o movimento esteve aquecido na primeira quinzena, mas, a partir da segunda metade do mês, alguns compradores já estocados saíram do mercado, desacelerando o ritmo das negociações.
Em Alagoas, o Indicador mensal do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 96,97/sc de 50 kg, alta de 6,1% frente a setembro e de expressivos 36,4% em relação a out/15, em termos nominais. Em Pernambuco, o Indicador mensal foi de R$ 96,55/sc, respectivos aumentos de 8% e 37%. Na Paraíba, o Indicador mensal de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 80,82/sc, 9,7% superior ao de setembro. Em março/16, este Indicador passou a ser divulgado sem ICMS (até fevereiro/16, incluía valores com 12% ou 18% de ICMS, dependendo do destino do açúcar), a pedido do Sindálcool - PB.
No mercado internacional, os preços do açúcar continuaram sustentados pelas perspectivas de déficit global do produto. Estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indica queda na produção de 11,7% na Índia (principal consumidor mundial da commodity). A tendência altista das cotações pode se sustentar no médio prazo, pois, enquanto prevalecer o fundamento de déficit mundial, a venda de posições compradas no mercado futuro deve ser restrita.
Ainda segundo o USDA, no Brasil, a moagem de cana-de-açúcar prevista na safra 2016/17 é de 608 milhões de toneladas, abaixo das 630 milhões estimadas anteriormente pelo órgão. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, seguido da Índia, onde as condições climáticas impactaram a produtividade nesta temporada.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 12,2% mais que as externas em outubro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/17 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 64,35/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 59,67/tonelada.
Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 1,86 milhão de toneladas em outubro, volume 31,1% menor que o de setembro (2,7 milhões de toneladas) e 10,2% inferior ao de out/15 (2,07 milhões de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 322 mil toneladas, queda de 34,6% no comparativo mensal (492 mil toneladas em set/16) e de 33,9% no ano (487 mil toneladas em out/15).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.228,70/tonelada em outubro, recuo de 1,1% em relação a setembro (R$ 1.242,20/t), mas aumento de 10,7% em comparação com out/15 (R$ 1.109,70/t), em termos nominais. Para o açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.503,8/t, altas de 3,3% no mês (R$ 1.456,5/t em setembro) e de 19% no ano (R$ 1.263,7/t em out/15), em termos nominais. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 2,77 bilhões em outubro, montante 31,9% inferior ao de setembro (R$ 3,62 bilhões) e 5% menor que o de out/15 (R$ 2,91 bilhões), em termos nominais.
Séries Estatísticas Cepea
1. Relações de preços – mercados interno e internacional (paridade de exportação)
2. Relações de preços (mercado interno) entre produtos do setor sucroalcooleiro
Gráficos