Após registrar pequenas variações em grande parte de outubro, os preços do algodão em pluma caíram com um pouco mais força no encerramento do mês, refletindo a postura cautelosa de compradores. De 24 a 31 de outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias, referente à pluma 41-4, posta em São Paulo, teve queda de 1%, fechando a R$ 2,5073/lpno dia 31. No acumulado de outubro, o Indicador recuou 0,7%. A média mensal, de R$ 2,5183/lp, superou em 0,8% a de setembro, mas ainda ficou 0,7% abaixo da de out/15 (valores atualizados pelo IGP-DI de set/16).
Parte das indústrias mostrou interesse por novas aquisições, mas a valores inferiores aos pedidos por vendedores. Além da “queda de braço” quanto aos preços, vários lotes de algodão em pluma disponibilizados ao mercado spot foram de baixa qualidade – não aprovados nos contratos pré-fixados –, segundo colaboradores consultados pelo Cepea. Cotonicultores com algodão de maior qualidade, por sua vez, se mantiveram firmes nos valores de venda.
Comerciantes estiveram ativos durante todo o mês, buscando pluma para atender às programações da safra 2015/16. Indústrias, por sua vez, adquiriram novos lotes somente quando vendedores foram flexíveis quanto aos valores pedidos e/ou com relação aos prazos para pagamento.
Em outubro, as negociações para entregas nos próximos meses apresentaram bom ritmo, especialmente para embarque em novembro, mas também para 2017 (safras 2015/16 e 2016/17). Quanto aos preços, as realizações envolveram tanto valores fixos como lotes baseados no Indicador – que será definido no embarque. Vale (SA:VALE5) considerar que, em alguns casos, as entregas se estenderam até o começo do próximo ano.
Segundo dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) tabulados pelo Cepea, 73,8% da safra brasileira 2014/15, estimada em 1,563 milhão de toneladas, teria sido comercializada até o final de outubro. Do total, 50,8% foram direcionados ao mercado interno e 49,2%, ao externo. Referente à safra 2015/16, estimada em 1,289 milhão de toneladas, foram registradas operações equivalentes a 64,8%. Desse volume, 47% foram direcionados ao mercado interno e 53%, ao externo.
Para exportação, alguns negócios foram captados em outubro, tanto a preço já fixado como valores com base nos contratos de Nova York. Cálculos do Cepea indicam que, em out/16, o preço médio de exportação para embarque entre outubro e dezembro de 2016 foi de US$ 0,7655/lp, aumento de 4,1% frente à média de setembro/16. Referente à safra 2016/17, dados para embarque entre julho e dezembro de 2017 tiveram média de US$ 0,7408/lp, 3,3% superior aos captados em setembro.
Em outubro, conforme cálculos do Cepea, a média da paridade de exportação na condição FAS (FreeAlongsideShip), porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,1440/lp, recuo de 1,6% sobre a do mês anterior. No mesmo comparativo, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 0,8% e o dólar se desvalorizou 2,2% frente ao Real.
Na Bolsa de Nova York, todos os contratos acumularam altas em outubro. O impulso veio do aumento da demanda pela pluma norte-americana, estimulado pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional, o que torna o algodão produzido nos EUA mais atraente a compradores estrangeiros. Além disso, as quedas dos vencimentos ocorridas no mês estimularam investidores a recomprar contratos. De 30 de setembro a 31 de outubro, o contrato Dez/16 se valorizou 1,2%, fechando a US$ 0,6886/lp no dia 31. O vencimento Mar/17 aumentou 1,2% (US$ 0,6937/lp) e Maio/17 e Jul/17, 1,3%, a US$ 0,6985/lp e US$ 0,6993/lp, respectivamente.
Dados do USDA divulgados em 31 de outubro apontam que 46% da área semeada nos Estados Unidos havia sido colhida até a data, dois pontos percentuais inferiores aos números de 2015. A abertura de maçã é observada em 95% da área, contra 99% em 2015. Quanto à qualidade, 49% das lavouras da safra 2016/17 são classificadas como ótimas e boas, apenas dois pontos percentuais acima do mesmo período de 2015. Em condições medianas, estão 34% da área semeada, contra 38% no ano anterior, sendo 17% classificados em ruins e muito ruins – contra 15% no mesmo período de 2015.
No Brasil, dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgados em 6 de outubro estimaram redução de 0,7% a 5,8% no semeio da temporada 2016/17 frente à anterior, com a área podendo somar entre 899,5 e 947,9 mil hectares. Impulsionada pelo aumento de 16% na estimativa da produtividade, a oferta nacional poderá totalizar de 1,409 a 1,484 milhão de toneladas, aumento entre 9,3% e 15,1%. Segundo a Conab, a redução na área brasileira pode estar associada especialmente aos elevados estoques internacionais de algodão.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a produção 2016/17 poderá crescer entre 6,5% e 10,8%, frente à anterior, de acordo com previsões da Conab. Na Bahia, segundo maior produtor, a produção deve aumentar entre 19,5% e 31,1%, ainda que a área se reduza de 10% a 18%, devido ao fraco desempenho das lavouras na safra 2015/16, podendo variar entre 192,9 e 211,7 mil hectares.
Ainda segundo a Conab, o consumo brasileiro de pluma na safra 2016/17 poderá aumentar em 4,2% em relação à temporada anterior, indo para 750 mil toneladas. Já para a exportação, a previsão foi de queda, para 670 mil toneladas, frente às 740 mil toneladas da safra 2015/16. Com isso, o estoque final deverá ser de 259,6 mil toneladas, 27,5% maior que na temporada 2015/16. Para a importação, estimada em 30 mil toneladas, o aumento na safra 2016/17 seria de 20%.
De acordo com a Secex, em outubro/16 foram exportadas 112,08 mil toneladas de pluma, volume 7,8% maior que o de setembro, mas 30,5% inferior ao de out/15. No acumulado de 2016 (janeiro a outubro), os embarques somam 640,3 mil toneladas, 10,7% acima do vendido no mesmo intervalo de 2015.
Ainda conforme a Secex, o faturamento de outubro foi de US$ 174,5 milhões – 8,9% acima do de set/16, mas 31,2% abaixo do de out/15. Em Reais, a receita foi de R$ 555,43 milhões, contra os R$ 521,31 milhões de setembro e US$ 983,24 milhões em out/15 (neste caso, forte recuo de 43,5%). O preço médio de outubro em dólar, de US$ 1.556,8/t, aumentou 1,1% em relação a setembro, mas caiu 1% frente a out/15.
Quanto às importações brasileiras, ainda segundo a Secex, o volume total recebido entre janeiro e outubro foi de 22,29 mil toneladas, bastante superior às 2,08 mil toneladas do mesmo período de 2015. Em outubro deste ano, foram importadas apenas 99,7 toneladas de pluma, quantidade 75,9% menor que a de setembro. O preço médio em outubro foi de US$ 2.857,2, alta de 62,3% frente ao mês anterior e de 10,16% frente a outubro/15.
Quanto aos dados mundiais, relatório do USDA divulgado em 12 de outubro indica retração no estoque e aumento no consumo para a safra 2016/17, resultando em diminuição no estoque/consumo global para 80,7%, o menor desde a safra 2011/12, quando foi de 71,5%. O estoque foi estimado em 19,018 milhões de toneladas, também o menor desde 2011/12 (16,2 milhões de toneladas), recuo de 2,7% frente à safra anterior. A pressão veio principalmente das reduções nos estoques da China e dos Estados Unidos, além dos ajustes realizados nos consumos da China e de Bangladesh em temporadas anteriores.
Para o consumo mundial, segundo o Departamento, pode chegar a 24,391 milhões de toneladas – o maior desde a temporada 2010/11 (25,1 milhões de toneladas), alta de 0,7%, com impulso vindo da China e Bangladesh. A produção mundial foi elevada em apenas 0,2%, com colheita de 22,359 milhões de toneladas, comparada à temporada 2015/16.
Ainda de acordo com o USDA, a comercialização mundial 2016/17 foi prevista em 7,6 milhões de toneladas, aumento de 3%, influenciada principalmente pelo aumento na importação de Bangladesh – maior importador nas últimas três safras e chegando a 18% de compra do mercado global. Na exportação, espera-se crescimento aos Estados Unidos e à Austrália, com alta de 2,86% no volume mundial.
CAROÇO – Em outubro, o ritmo de negócios seguiu lento no mercado de caroço de algodão, com vendedores firmes nos valores pedidos. Boa parte dos agentes permaneceu cumprindo contratos firmados anteriormente, com apenas alguns pequenos volumes sendo realizados, especialmente para pecuaristas no spot. Indústrias seguiram retraídas, se queixando quanto à dificuldade em repassar os preços atuais do caroço para os derivados, com destaque para torta e farelo. Com o início do período de chuvas, agentes afirmam que a demanda acaba se reduzindo.
Na média de outubro, o valor do caroço para entrega imediata foi de R$ 945,06/tonelada na região de Barreiras (BA), alta de 0,7% em relação a setembro. Em Primavera do Leste (MT), o aumento foi de 2,3%, a R$ 717,06/t. Em Campo Novo do Parecis (MT), houve elevação de 1,7%, a R$ 659,71/t, e, em Rondonópolis (MT), de 2,9%, a R$ 722,25/t.
Segundo informações da primeira estimativa da Conab para a temporada 2016/17, a produção de caroço de algodão poderá oscilar entre 2,116 e 2,229 milhões de toneladas, aumentos de 9,3% a 15,1%, respectivamente. A produtividade está estimada em 2.352 kg/ha, alta de 16%.
Nos primeiros nove meses de 2016 (jan-set), segundo dados da Secex, as vendas externas de caroço totalizaram 74,442 mil toneladas, 76,9% acima das verificadas no mesmo período de 2015 (42,1 mil toneladas). Na parcial de 2016, a Coreia do Sul permanece como o principal destino, com participação de 53,7% no total, seguida pelo Japão (26,8% do total) e pela Arábia Saudita (17%).
Séries Estatísticas Cepea
1. Preços pagos para frete de Algodão em Pluma
2. Algodão em Pluma – preços a retirar
3. Relações de Preços – mercados interno e externo (paridade exportação)
Gráfico