Na última quarta-feira, 18 de setembro de 2024, o Banco Central do Brasil anunciou um aumento na taxa Selic de 10,50% para 10,75% ao ano, uma medida de contenção frente às persistentes pressões inflacionárias. Em contrapartida, o Federal Reserve dos Estados Unidos optou por uma redução de 0,50 ponto percentual em sua taxa de juros, agora situando-se entre 4,75% e 5%. O contraste entre as maiores economias do hemisfério destaca abordagens divergentes frente a desafios econômicos distintos.
Este cenário dual não só reflete as diferentes trajetórias econômicas, mas também os desafios específicos enfrentados por estas duas potências. O ajuste na Selic é uma resposta direta ao cenário de inflação que, apesar de um crescimento projetado de 2,3% para o PIB em 2024, reviu a inflação para cima, fixando-a em 4,0% para o mesmo período. Tal cenário exige ações decisivas para ancorar as expectativas inflacionárias, sem reprimir o crescimento econômico.
No Brasil, o risco fiscal, exacerbado por altos gastos obrigatórios, ameaça a sustentabilidade fiscal a longo prazo. A falta de cortes efetivos nos gastos, idealmente entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, levanta questões sobre a viabilidade de políticas fiscais sustentáveis.
As despesas em crescimento contínuo, especialmente na Previdência e nos mínimos de saúde e educação, pressionam o arcabouço fiscal, afetando a percepção de risco dos investidores, como evidenciado pela recente depreciação do real. A necessidade de correções estruturais é urgente para ajustar as distorções do gasto público e melhorar a eficiência fiscal. Sem reformas significativas, o Brasil enfrenta o risco de longo prazo de perder a credibilidade de seu arcabouço fiscal.
A deterioração da confiança dos investidores, em resposta às incertezas fiscais e políticas internas, levou a uma revisão da projeção de câmbio para R$ 5,30 por dólar em 2024. Esta volatilidade cambial exige respostas assertivas das autoridades monetárias para estabilizar a economia.
Apesar das pressões internas, a economia brasileira mostra resiliência. O consumo e o investimento impulsionam o crescimento, mas os altos juros previstos para os próximos anos podem moderar esse ímpeto. A manutenção de uma Selic elevada impacta as condições de crédito e, por extensão, os níveis de consumo e investimento, colocando a política monetária em um equilíbrio delicado entre controlar a inflação e fomentar a atividade econômica.
Em contraste, a redução dos juros pelo Federal Reserve reflete um estágio diferente de recuperação econômica e pressões inflacionárias, ajustando as expectativas para fluxos de capital e avaliações de risco global. As projeções para 2025 sugerem uma normalização das condições econômicas com uma desaceleração do crescimento do PIB para 1,8%.
Concluindo, a inação fiscal pode causar danos significativos à credibilidade econômica do Brasil. Desta forma, é imperativo que medidas fiscais convincentes sejam implementadas no curto prazo para evitar consequências graves e assegurar um futuro de crescimento sustentável. Este é um momento crítico para políticas proativas que direcionem o Brasil para uma trajetória de estabilidade e prosperidade econômica.