Contrapondo a onda de pessimismo global experimentada na sessão de ontem, na qual o dólar voltou a flertar com a região próxima de R$4.20 (fazendo máxima em R$4.186,5 e fechando a R$4.165,5), a manhã de hoje trouxe bons ventos ao mercado global, o que pode se traduzir em uma queda na cotação da moeda americana no Brasil. Avanços na guerra comercial entre EUA e China, assim como no Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) são os destaques desta manhã de terça-feira.
Conforme mostrado no Investing.com, tudo indica que a China deu o sinal verde para uma série de aquisições em grande escala de soja produzida nos EUA. O mercado agrícola americano foi um dos mais afetados pela disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo e representa uma das mais importantes bases eleitorais do governo de Donald Trump – que disputará reeleição já em 2020. O gesto vem em meio a supostos avanços nas negociações bilaterais e próximo do encontro de Trump com o presidente chinês, Xi Jingping, em outubro próximo.
No Reino Unido, a Suprema Corte decretou que o primeiro-ministro Boris Johnson agiu de má-fé ao recomendar à Rainha um recesso parlamentar cerca de um mês antes da data-limite para a saída da região (que inclui a Inglaterra, o País de Gales, a Escócia e a Irlanda do Norte) da União Europeia. Segundo a corte, a medida impede o parlamento de cumprir seu dever constitucional e que os/as representantes parlamentares deverão se reunir imediatamente. A derrota de Johnson, que defende a saída da União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo firmado, injetou otimismo em relação ao Reino Unido, uma vez que especialistas afirmam que a falta de um acordo seria extremamente prejudicial a Grã-Bretanha.
Na Alemanha, principal economia da Europa, mas que se encontra às voltas com uma provável recessão, dados positivos sobre a confiança de consumidores na economia nacional deram ânimo adicional aos mercados. Estes vêm em contraste a dados preliminares publicados ontem, que mostram contração na economia alemã.
Cenário macroeconômico
As principais bolsas da Europa operam em alta moderada, com exceção do FTSE 100 (Reino Unido), que tem leve baixa em função da alta nos preços da Libra Esterlina após a derrota de Boris Johnson na suprema corte britânica. Os índices futuros das principais bolsas americanas operam também em leve alta. Os dois principais índices de força do dólar (DXY e USDOLLAR) estão em leve baixa, com o Euro e a Libra Esterlina (principais rivais globais da moeda americana) sendo cotados em leve alta. O Volatility Index (VIX), que mede o grau de aversão ao risco de investidores dos EUA, teve retração e está num patamar considerado bem baixo (14.44), o que é positivo para ativos de maior risco.
Agenda econômica
Com as notas do Copom já disponíveis para análise no momento de publicação deste texto, restam poucos eventos de relevância para esta terça-feira (24). O destaque será o indicador Conference Board Consumer Confidence (impacto: 3/3), às 11h (horário de Brasília), realizado pela Conference Board (agência independente) para avaliar o grau de confiança dos consumidores e consumidoras dos EUA em relação ao futuro da economia. Um número acima do esperado é considerado positivo para a economia americana e fortalece o dólar, ao passo que um número abaixo do esperado tende a resultar no contrário. Às 17h30, o American Petroleum Institute divulga os estoques semanais de petróleo (impacto: 2/3). Todos esses indicadores estão disponíveis gratuitamente e em tempo real no Investing.com (www.investing.com).
Cenário técnico
Na sessão de ontem, o dólar negociado no Brasil voltou a testar a região de R$4.18 e, embora não tenha tido sucesso, fechou acima da região de R$4.165, região com altíssimo volume de negociação. Caso o cenário macro descrito aqui se mantenha, a tendência para hoje é de uma queda na cotação da moeda, possivelmente testando o suporte em torno de R$4.152 e, em seguida, R$4.139, esta última a região inferior da região de negociação mais alta. O range inferior a este é que vai dos R$4.100 até aproximadamente R$4.065.