A Cemig postergou por duas vezes a divulgação do resultado de 2016 e finalmente divulgou seus números, que por sinal não agradaram os investidores.
Para lembrar a Cemig é uma empresa estatal (Minas Gerais), que atua com geração, transmissão, distribuição e detêm participações acionárias em empresas e parcerias em projetos relacionados ao setor.
Em 2016 a empresa comercializou 55.591 GWh, com decréscimo de 2,3% em relação ao de 2015, enquanto que a energia transportada para clientes livres teve crescimento de 10,9%, atingindo o montante de 17.381 GWh. As vendas de energia para consumidores finais e consumo próprio somaram 43.083 GWh, com decréscimo de 6,5% frente ao ano de 2015.
A receita líquida consolidada em 2016 atingiu R$ 19 bilhões, -14% sobre a receita do ano anterior. Além do menor volume colocado de energia com as sequelas da crise econômica, destacaram-se os reajustes tarifários obtidos no ano, o impacto das bandeiras tarifárias e perda de clientes industriais para o mercado livre.
Em relação ao Ebitda, a contabilização de perdas por desvalorização em investimentos no valor total de R$ 763 milhões referente a Renova, e aumento de provisões para devedores duvidosos, associado ao fato já comentado de redução de receitas. Assim, o saldo Ebitda em 2016 ficou em R$ 2,6 bilhões, -52% em relação ao saldo reportado em 2015.
Diante deste quadro a Cemig reportou lucro líquido de R$ 334 milhões, -86% sobre 2015, o que ficou abaixo das expectativas dos analistas de investimento.
A questão da estrutura de capital da Cemig mostra uma situação que começa a chamar a atenção negativamente, com seu endividamento líquido pulando de R$ 12 bilhões em 2015 para R$ 18 bilhões em 2016. A fraca geração operacional de caixa em 2016 acabou distorcendo o indicador dívida líquida/Ebitda que pulou de 2x para 5x em 2016. Acreditamos que com a recuperação de resultados operacionais em 2017 este indicador possa ser normalizado. De qualquer forma seus gestores devem buscar meios para alongar e baratear as suas dívidas.