Com quase 100 mil investidores, os Fiagros - Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais - crescem exponencialmente mês a mês. Dados do mais recente Boletim Mensal da B3 (BVMF:B3SA3), que data de agosto, demonstra que o número de CPFs é três vezes maior que os 30,7 mil registrados no início deste ano. Com praticamente um ano desde a sua regulamentação pela CVM 39, a B3 já registra 24 fundos e o número deve dobrar em pouco tempo, se considerarmos os mais de 20 Fiagros registrados na CVM em fase pré-operacional.
Mas o que leva a esta modalidade de investimentos ser tão atrativa, principalmente para as pessoas físicas, que representam 91% da posição em custódia? Para responder a pergunta, é preciso primeiro observar que estamos falando de um segmento que tem registrado crescimento consistente ano a ano, mesmo quando outros setores patinavam. Na última década o PIB da agropecuária aumentou 45%, de R$ 1,6 trilhão em 2012 para R$ 2,3 trilhões no ano passado e o setor caminha para representar 30% do produto brasileiro. Fazendo um paralelo simples, é de se esperar que sua representatividade aumente e muito nas carteiras de investimentos.
Além da diversificação em manter aplicações em um setor mais resiliente a crises e que, mesmo com todos os percalços futuros percebidos tende a demonstrar performance positiva, outro ponto importante é a isenção de imposto de renda. Este é um importante fator que pesa na hora de comparar a rentabilidade líquida dos investimentos.
Os Fiagros têm sido usados como uma forma de obter renda passiva por conta do recebimento de dividendos. Os fundos têm a obrigação de distribuir anualmente 95% do lucro. No entanto, não há recorrência definida. A tendência do mercado é de que os pagamentos sejam mensais, a não ser nos casos em que a sazonalidade da cultura impacte a rentabilidade. Para não ter surpresas, o investidor deve buscar se informar sobre o regulamento do fundo.
Ao mesmo tempo, para que não haja sobressaltos futuros, o investidor precisa estar atento à composição das carteiras e ao gestor, além de ter em mente que só colherá os frutos se mantiver os recursos alocados por um bom período. Afinal, o grande diferencial do Fiagro é a capacidade do gestor de pulverizar os recursos em diferentes ativos com diferentes riscos, minimizando a probabilidade de perda ao investir, de fazer uma cobertura de garantia, e em algum evento de inadimplência que ocorra nesse segmento, fazer uma cobrança ativa para garantir a rentabilidade do valor investido
A representatividade do agronegócio na economia brasileira ainda não é refletida na carteira de investimentos dos brasileiros até porque a possibilidade de aplicar diretamente no agronegócio é um fenômeno recente. O forte crescimento do número de CPFs de investidores de Fiagros demonstram que apetite para este tipo de aplicação há e com o tempo, os Fiagros se consolidarão como um percentual interessante do portfólio assim como os Fundos de Investimentos Imobiliários.