Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. A decisão não trouxe surpresas para o mercado, mas o tom adotado pelo comitê ainda foi considerado duro, uma vez que não sinalizou o início imediato de cortes na próxima reunião em agosto.
Alguns economistas perceberam uma certa suavização no tom em comparação com as últimas reuniões, e eu concordo com essa avaliação. Um sinal disso foi a retirada da frase que mencionava a disposição de retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não ocorresse conforme o esperado. Além disso, o comitê demonstrou uma melhoria na expectativa de inflação para 2024, projetando um IPCA de 3,4%, em contraste com a expectativa de 4,0% do Focus. Essa projeção para 2024 é um elemento importante para a decisão de redução da Selic.
Das justificativas de alta, o Copom ressaltou a possibilidade de uma maior persistência das pressões inflacionárias globais. Além disso, trouxe que existe alguma incerteza em relação ao desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional, o que pode impactar as expectativas sobre a trajetória da dívida pública, inflação e ativos de risco. Por fim, mencionou-se a preocupação com uma desancoragem maior e mais duradoura das expectativas de inflação para prazos mais longos.
De fato, o Copom está ciente de que existem fatores externos e domésticos que estão além do seu controle direto. Isso inclui a situação econômica dos Estados Unidos, as decisões do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) e as políticas adotadas pelo Congresso Nacional. Ao não se antecipar a esses fatores, o Comitê reconhece que é importante avaliar o impacto dessas variáveis na economia brasileira antes de tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic. Dessa forma, o Copom busca agir de maneira cautelosa e baseada em uma análise criteriosa dos cenários externo e interno.
Dos fatores de baixo risco de inflação, destacou uma possível queda adicional nos preços das commodities internacionais em moeda local, embora parte significativa desse movimento já tenha sido observada. Também mencionou a possibilidade de uma desaceleração mais acentuada do que o previsto na atividade econômica global, especialmente devido a condições adversas no sistema financeiro internacional. Adicionalmente, foi apontado o risco de uma desaceleração na concessão de crédito doméstico maior do que seria compatível com o estágio atual do ciclo de política monetária.
Diante desse cenário, o Copom destacou a preocupação com a deterioração da economia global, atribuindo um peso maior a esse fator. Enquanto isso, no cenário doméstico, as taxas de juros para famílias e pequenas e médias empresas estão em uma trajetória ascendente. Essa situação coloca um desafio adicional, pois espera-se que as vendas e a produtividade aumentem na mesma velocidade para sustentar o custo elevado do dinheiro.
O que muda para os investidores
No mês de abril, o mercado acionário já começou a antecipar a possibilidade de um corte na taxa básica de juros, a Selic, no segundo semestre. No entanto, há quem argumente que a bolsa de valores já teve uma valorização significativa e que pode estar em um patamar elevado. Por essa razão, poucas pessoas estão dispostas a arriscar e esperar para ver se haverá um movimento de alta nos próximos três meses.
Apesar desse cenário, na minha opinião, ainda existem oportunidades nos investimentos em renda fixa, especialmente aqueles indexados à inflação. No entanto, é importante observar os títulos com menor prazo de vencimento (duration).
Para investimentos em bolsa, no curto prazo, minha estratégia fica para as empresas de valor, aquelas boas pagadoras de dividendos.
Já os investimentos alternativos, como Fundos Imobiliários, merecem atenção neste momento. Eles podem ser uma opção interessante para diversificar a carteira de investimentos e buscar oportunidades em setores específicos.
Por fim, deixo para vocês investidores as mesmas palavras do Banco Central no seu comunicado: cautela e parcimônia.