Após a divulgação do relatório Jolts sobre o emprego nos Estados Unidos, que revelou um total de 9,6 milhões de vagas em agosto, superando as expectativas de 8,8 milhões, observou-se um aumento na aversão ao risco nos mercados nesta terça-feira. Os dados laborais de hoje destacam a resistência contínua do mercado de trabalho em face do ciclo de elevação das taxas de juros nos EUA, reforçando a perspectiva de uma manutenção prolongada de taxas elevadas.
Nesse contexto que antecede o renomado relatório de emprego americano, o payroll, os títulos soberanos dos EUA, conhecidos como treasuries, valorizaram-se em meio à expectativa de juros mais altos por um período prolongado, com o título de 10 anos atingindo um retorno de 4,81% nesta tarde. No entanto, o aumento das taxas de juros traz consigo a necessidade de maior cautela, dada a possível repercussão negativa do crédito mais caro no sistema produtivo.
Este cenário tem sido caracterizado por um aumento significativo na volatilidade do mercado, evidenciado pelo índice de volatilidade conhecido como "VIX", o índice do medo, que avançou mais de 12%. As bolsas americanas experimentaram declínio, enquanto a taxa de câmbio entre a moeda local e o dólar americano atingiu R$5,15, depreciando mais de 1,7% em relação ao fechamento de ontem. Esses eventos contribuíram para o aumento das taxas nos contratos de juros, especialmente nos contratos de longo prazo do mercado local, resultando na queda do índice Ibovespa.
O que esperar e como se proteger
O panorama internacional reforça a perspectiva de taxas de juros elevadas nos Estados Unidos, visando conter a inflação por um período mais prolongado. De acordo com os dados do Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve, a previsão ainda aponta para a manutenção das Fed Funds na faixa de 5,25% a 5,50% na reunião de novembro. No entanto, em apenas uma semana, houve um aumento na probabilidade, passando de 21% para 31%, de uma elevação adicional de 25 pontos-base nessa reunião.
Diante desse cenário, destaco três pontos a serem monitorados atentamente:
- Expectativa de maior volatilidade do dólar no curto prazo, indicando uma tendência de valorização em relação a outras moedas.
- Probabilidade reduzida de um aumento significativo na magnitude do corte da taxa Selic nas duas próximas reuniões do ano.
- Juros de longo prazo mantendo prêmios elevados, gerando aumento na volatilidade para ativos de renda fixa devido à marcação a mercado. Para os ativos de renda variável, especialmente em setores cíclicos da economia, também é esperada maior volatilidade.
Ao que tudo indica, os indícios de aumento na percepção de risco nos mercados estão ganhando mais robustez, demandando prudência por parte dos investidores neste momento. Em um cenário imprevisível, onde os investidores enfrentam exposição, destaca-se a vital importância da diversificação e da alocação estratégica no gerenciamento de riscos.
Portanto, um portfólio equilibrado incorpora ativos com baixa correlação entre si, o que significa que não seguem a mesma direção. Essa diversificação desempenha um papel crucial na redução do risco sistemático, ou seja, o risco vinculado a fatores macroeconômicos ou de mercado que impactam todos os ativos de maneira similar.