A agenda econômica tranquila nesta semana no Brasil e no exterior permite que narrativas domésticas ganhem relevância. Por aqui, a aposta de que a taxa Selic permanecerá estável já a partir de junho segurou o Ibovespa, que já derrapa quase 5% desde o início do ano. Porém, o dólar tem praticamente a mesma valorização percentual no ano.
A conta não fecha. O raciocínio é simples: juros mais altos no Brasil tornam o diferencial de taxas mais atrativo, despertando o ingresso de recursos externos no país. Por ora, porém, o prêmio de risco está embutido nos contratos de juros futuros, com a projeção de inflação perto dos 6% a partir de 2027 mantendo a renda fixa mais atraente.
Já em Nova York a lógica é outra. O mercado se agradou dos dados recentes de inflação nos Estados Unidos, o que impulsionou a renda variável, apesar do tom cauteloso de dirigentes do Federal Reserve. Os índices acionários buscaram máximas recordes, com o Dow Jones rompendo a marca dos 40 mil pontos pela primeira vez na história.
Ou seja, enquanto lá fora cresce o entusiasmo de que o tão aguardado início dos cortes nos juros dos EUA está por vir; aqui, é grande a frustração com o fato cada vez mais consolidado de que a Selic não encerrará o ciclo em um dígito. Moral da história: não crie expectativas, já diriam os dilemas da Ivana. Que tal codornas?