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Corte de Produção da Opep Conseguirá Salvar os Dividendos das Petrolíferas Internacionais?

Publicado 14.04.2020, 10:57
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O histórico acordo deste fim de semana firmado entre os principais países produtores de petróleo para realizar o maior corte de produção conjunto da história alimentou expectativas de que os preços do petróleo possam se recuperar neste ano, salvando as maiores empresas de óleo e gás dos EUA que vinham sofrendo com a queda na cotação dessas commodities e evitando que tomassem medidas bastante dolorosas para proteger suas receitas, como interromper a distribuição de dividendos.

O acordo foi intermediado pelos EUA após a forte queda no consumo mundial de combustíveis por causa da pandemia de coronavírus, a qual foi exacerbada pela guerra de preços entre a Arábia Saudita e Rússia, grandes países produtores de petróleo, o que, por sua vez, acabou ameaçando a viabilidade financeira dos produtores americanos.

O West Texas Intermediate, principal referência do petróleo nos EUA, encerrou a quinta-feira cotado a US$ 22,76 por barril, uma queda de 63% desde o início do ano. A situação foi ainda pior em Midland, Texas, onde grande parte do petróleo extraído da bacia do Permiano é precificada, e no oeste do Canadá, de onde vem a produção do país. O petróleo era negociado abaixo de US$ 10 por barril em ambos os mercados. Depois de se desvalorizar 3,5% ontem, a US$ 22,41, no momento em que escrevia, o WTI acabou subindo um pouco menos de 1%, negociado a US$ 22,59.
WTI Futuros Semanal

Para os investidores das maiores empresas produtoras da região, a próxima grande questão é saber se esse acordo ajudará a proteger os proventos que eles recebem de megaprodutores como Exxon Mobil (NYSE:XOM), Chevron (NYSE:NYSE:CVX) e Royal Dutch Shell (NYSE:RDSa).

As maiores empresas mundiais de óleo e gás vinham evitando interromper sua distribuição de dividendos há anos para incentivar os investidores a permanecer em ações do setor de petróleo, cuja atratividade continua se dissipando com a mudança para fontes mais limpas de energia. As cinco principais empresas desse setor aumentaram conjuntamente seus níveis de alavancagem em US$ 25 bilhões em 2019 para manter o dispêndio de capital, ao mesmo tempo em que distribuíam bilhões aos acionistas.

De acordo com uma reportagem da CNBC.com, o endividamento combinado da Chevron, Total (NYSE:TOT), BP (NYSE:BP), Exxon Mobil e Royal Dutch Shell foi de US$ 231 bilhões em 2019, um pouco menos dos US$ 235 bilhões atingidos em 2016 quando os preços do petróleo também despencaram abaixo de US$ 30 por barril.

Chevron Semanal

Os dividend yields das empresas petrolíferas, que refletem o risco que os investidores estão dispostos a assumir para deter suas ações, também dispararam após o recente colapso nos preços das ações. A Exxon Mobil, que despencou 39% neste ano, e a Chevron, com uma queda de 29%, estão agora rendendo 8% e 6% respectivamente. A Exxon fechou o pregão de ontem em queda de 0,4%, a US$ 42,76, enquanto a Chevron finalizou o dia em alta de 0,7%, a US$ 84,91.

Um raio de esperança

Embora o rendimento das ações do setor de petróleo já esteja mostrando um nível elevado de aflição financeira, o acordo de produção da Opep+ oferece um raio de esperança, na medida em que pode fornecer um piso para a derrocada dos preços e dar algum respiro a esses produtores.

Alguns analistas acreditam que, embora os cortes de produção contribuam muito pouco para conter a enorme sobreoferta no curto prazo, os preços devem se recuperar até o final deste ano para a faixa intermediária de US$ 40.

“Simplesmente é tarde demais para evitar um acúmulo muito grande de estoques de mais de um bilhão de barris entre meados de março e final de maio e interromper a queda dos preços à vista para a casa de um dígito", declarou Ed Morse, diretor global de commodities do Citi, em uma nota aos clientes no domingo.

Mesmo assim, as maiores petrolíferas do mundo já enfrentaram diversos ciclos de queda, chegando até mesmo a sobreviver à crise financeira de 2008.

“Nos últimos ciclos de baixa do petróleo, as grandes petrolíferas de maneira geral não responderam às desafiadoras condições macroeconômicas através de cortes materiais de dividendos”, disseram os analistas do Goldman Sachs em nota, complementando que não esperam um corte por causa do ambiente atual.

Exxon Semanal

Darren Woods, CEO da Exxon Mobil, declarou que a empresa “está comprometida com uma distribuição confiável e crescente de dividendos” durante seu dia do investidor, em 5 de março. A companhia elevou seus proventos em cada um dos últimos 37 anos.

Mike Wirth, CEO da Chevron, também reiterou recentemente que o produtor integrado de energia pretende elevar seus proventos anuais por ação pela 33ª vez em 2020. As ações da Exxon e da Chevron se valorizaram mais de 10% no último mês.

Resumo

Ninguém pode dizer ao certo como os mercados de petróleo se comportarão nas próximas semanas e meses, em razão da enorme lacuna entre a oferta e a demanda. Mas os cortes de produção e o fim da guerra de preços russo-saudita oferece alguma esperança de que as grandes petrolíferas americanas tenham mais espaço para lidar com o choque de demanda representado pela pandemia de coronavírus.

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