Ontem o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,2712 para venda à vista. De novo para hoje teremos a reação do mercado à aprovação da PEC da Transição na CCJ. Mas ainda precisa passar pelo Senado.
O grupo técnico de Planejamento da transição de governo informou ontem que o Brasil tem 5 bilhões de reais em dívidas com organismos internacionais. O governo eleito aguarda o desfecho da tramitação da PEC da Transição para saber a margem que será aberta nas contas de 2023, mas é improvável que os débitos sejam quitados integralmente de uma só vez.
A mudança na PEC de Transição para expandir o teto de gastos no valor do Bolsa-Família, em vez de excluir o programa social da norma fiscal, pode abrir margem para despesas em volume maior do que o apontado pela transição de governo, mesmo criando um limite global para os desembolsos. Nada boa para o real essa situação.
O que passou na CCJ do Senado foi uma PEC prevendo expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos para o pagamento do Bolsa-Família no valor de 600 reais. O texto também prevê a antecipação para 2022 do montante com base na parcela das receitas extraordinárias. Na prática, isso pode ajudar no desbloqueio de recursos de ministérios e na liberação de verbas de emendas parlamentares, inclusive as emendas do relator, popularmente chamadas de orçamento secreto.
A PEC agora passará por um teste de fogo hoje, quando o plenário do Senado deve votá-la. Por se tratar de uma alteração constitucional, a medida precisará da chancela de ao menos 49 dos 81 senadores, em dois turnos de votação, para seguir caminho. Além da expansão do teto de gastos para o Bolsa-Família, o texto abre margem de 23 bilhões de reais nas contas do ano que vem para investimentos, com base em parcela de excesso de arrecadação do governo.
Olhando para o exterior, as esperanças de relaxamento de restrições de combate à Covid-19 na China animaram o mercado por aqui (essa notícia ajuda o real).
Seguem as incertezas sobre qual será o ritmo de altas de juros do Federal Reserve.
Após fechamento do mercado, conheceremos a nova, ou a mesma, taxa de juros aqui no Brasil. Embora haja consenso no mercado de que a taxa Selic será mantida nos atuais 13,75%, o resultado (do Copom) deve trazer mais pistas dos desdobramentos do aperto monetário em meio a incertezas na economia brasileira e risco fiscal. Diante da perspectiva de amplos gastos pelo governo eleito, a curva de juros brasileira chegou a precificar novos aumentos da Selic em 2023, enquanto a mais recente pesquisa semanal Focus do Banco Central sugere um afrouxamento monetário menos intenso ao longo do ano que vem. Vamos ter que aguardar também o Fed para ver o diferencial de juros e como vai se comportar o real.
No calendário de hoje teremos na Europa o PIB e variação do emprego, além de discurso de McCaul, membro do BCE. Também haverá pronunciamento de Panetta, do BCE. Nos EUA sairão os pedidos de hipoteca e produtividade do setor não-agrícola. Por aqui, teremos IGP-DI de novembro e o fluxo cambial estrangeiro. Já no pós-mercado saberemos da Selic.
Bons negócios, turma, e ótimo dia para todos!