O mercado está otimista com relação ao detalhamento do novo arcabouço fiscal do governo, eu sigo cética (ver para crer). O dólar à vista fechou o dia ontem cotado a R$ 5,0501 para venda. Roberto Campos Neto, presidente do BC, participou de evento ontem e falou que é preciso reconhecer o esforço do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para reduzir os riscos fiscais do país com a apresentação do novo arcabouço fiscal. Com isso a percepção do mercado foi de que a relação do BC com o governo está melhor do que há algumas semanas.
Além da calmaria interna, os dados externos também beneficiaram o real. Ontem saíram dados fracos da economia dos EUA. O relatório de Emprego Nacional da ADP mostrou que foram abertos 145.000 postos de trabalho no setor privado no mês passado. Economistas previam abertura de 200.000 vagas. Além disso, o PMI não-manufatureiro caiu para 51,2 no mês passado, comparado com 55,1 em fevereiro.
Os números reforçaram a percepção de fraqueza da economia norte-americana, o que em tese diminui o espaço para que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) continue a elevar sua taxa de juros. Os dados lá fora sugerem desaceleração da atividade e da inflação. Ainda existe risco de haver uma recessão nos EUA, o que prejudica o dólar.
O que na minha opinião realmente está dando força para nossa moeda é o diferencial de juros. Enquanto estamos com uma Selic de 13,75%, parece que os juros americanos terão que se manter. O movimento de carry trade beneficia nossa divisa.
Mas nem tudo são flores aqui no Brasil. Permanece a cautela com potenciais medidas para aumentar as receitas do governo, ou seja, maior carga tributária.
Na agenda para hoje temos nos EUA Pedidos por Seguro-Desemprego. Amanhã é feriado no Brasil e nos EUA (Sexta-Feira Santa). Apesar do feriado, amanhã sairá o Payroll nos EUA, principal relatório observado pelo Fed, para tomada de decisão de taxa de juros.
Aproveitem o feriado, descansem e desejo uma abençoada Páscoa a todos! Nos vemos por aqui na segunda!