Mais uma semana onde Set-22 trabalhou com uma amplitude de +2.000 pontos. O contrato abriu a segunda-feira atingindo a cotação mínima do período @ 218,25 centavos de dólar por libra-peso; na quarta-feira negociou na máxima da semana @ 227,35 centavos de dólar por libra-peso e terminou a sexta-feira @ 221,05 centavos de dólar por libra-peso (após ter negociado novamente abaixo dos 219,00 centavos de dólar por libra-peso @ 218,60 centavos de dólar por libra-peso).
Mesmo com o Real valorizando +5,77% na semana (terminando a sexta-feira @ 4,74 R$/US$) o mercado não teve forças para buscar a média-móvel dos 50 dias @ 233,40 centavos de dólar por libra-peso.
O Set-22 fechou a semana bem em cima do “mata burro”/zona de indefinição. Rompendo para baixo dos 221,00 centavos de dólar por libra-peso o Set-22 poderá buscar os 211,00 / 188,00 centavos de dólar por libra-peso. Por outro lado, rompendo para cima dos 223,10 centavos de dólar por libra-peso o Set-22 poderá buscar os 231,00 / 233,00 / 245,00 e 255,00 centavos de dólar por libra-peso!
O volume negociado na semana também foi um dos menores do ano, negociando aproximadamente +25.000 lotes/dia. Segundo o CFTC* os fundos + especuladores reduziram novamente a posição em -1.304 lotes terminando o período comprados em apenas +22,835 lotes (na semana anterior estavam comprados em +24.139 lotes).
Nos últimos 2 meses a “combinação R$ x US$” foi muito cruel para o produtor brasileiro. No dia 10 de fevereiro 2022 o Set-22 fechou na máxima do ano @ 256,90 centavos de dólar por libra-peso e o R$ fechou @ 5,24 R$/US$! Na sexta-feira, dia 25 de março 2022 o Set-22 fechou @ 221,05 centavos de dólar por libra-peso e o R$ fechou @ 4,74 R$/US$! Uma combinação equivalente @ -25,60% na liquidação/receita para o produtor em R$/saca!
No dia 10 de fevereiro 2022 o produtor poderia ter vendido sua produção ao redor dos 1.680 R$/saca e na última sexta-feira o mercado estava comprador @ 1.250 R$/saca. Uma queda de -430 R$/saca! O produtor “médio”, produzindo +5.000 sacas de café, viu sua receita diminuir em -2.150.000 R$ (aproximadamente -450.000 US$)! Para um produtor “grande” produzindo +25.000 sacas a sua receita diminuiu -10.750.000 R$ (aproximadamente -2.250.000 US$)!
Novamente voltamos a enfatizar a importância do hedge e “contra-hedge” para o produtor em sua moeda local. O hedge para garantir pelo menos o seu custo de produção. E o “contra-hedge” para comprar sua proteção contra eventual quebra na sua safra e/ou problemas climáticos e/ou “travas futuras mal feitas”.
Como exemplo, o produtor que vendeu sua saca de café no dia 10 de fevereiro de 2022 @ 306 US$/saca e não travou o câmbio futuro (esperando receber aproximadamente 1.680 R$/saca quando o “câmbio futuro” para liquidação em Set-22 estava @ 5,50 R$/US$), agora está recebendo aproximadamente 1.525 R$/saca. Nesse exemplo, o produtor perdeu -9,23% na sua receita por ter “especulado no câmbio”.
Da mesma forma, o produtor que não comprou uma opção de venda “Put*” para garantir o seu “direito mas não a obrigação” em vender seu produto @ 250,00 centavos de dólar por libra-peso e que não travou o seu dólar futuro @ 5,50 R$/US$, na última sexta-feira esse mesmo produtor está agora @ mercado, tendo que vender seu café @ 1.250 R$/saca. Uma queda na sua receita em -25,60%!
Na sexta-feira uma grande cooperativa estava indicando/oferecendo preço/trava para as safras 2022 / 2023 / 2024 / 2025 em R$/saca respectivamente @ 1.220 / 1.230 / 1.240 / 1.240! Produtores: façam suas contas, cotem com seus bancos o “dólar futuro” para liquidação em Set-23 / Set-24 / Set-25! Com a taxa Selic prevista para terminar o ano 2022 ao redor dos 13,50% e uma inflação “real” acima dos 20% (aumento direto nos custos de produção com base no aumento do custo dos fertilizantes, diesel, mão de obra) como é possível realizar vendas para 2024 / 2025 com tantas variáveis / incertezas? Ok, para Set-23 hoje já existe liquidez e um “norte” para o dólar futuro e para as cotações em Nova Iorque. Mas para 2024 / 2025 onde a liquidez para as opções é praticamente zero como se proteger? Tomem cuidado com essas “travas” para não virarem “trevas”!!
O mercado segue a procura de notícias (altistas ou baixistas) para dar o próximo movimento. A disputa entre “boatos e fatos” já está na mesa!
Durante a semana voltou a chover nas principais regiões produtoras dando certa tranquilidade para a safra 22/23 prestes a ser colhida (os grãos estão terminando a fase de enchimento). Mesmo assim, muitos produtores seguem “realistas” e sinalizando ao mercado que a safra 22/23 não será uma safra “grande” – será “fato ou boato”?
Na quinta-feira o Rabobank voltou a publicar nova estimativa para a safra 22/23, reduzindo a sua previsão em -2 milhões de sacas. Segundo o banco, agora o Brasil deverá colher +64,50 milhões de sacas (+41,40 milhões de sacas do café tipo arábica e +23,10 milhões de sacas do café tipo robusta) – será fato ou boato?
As estimativas para a safra brasileira 22/23 continuam entre + 37 / +65 milhões de sacas!
Segundo a Cecafé, até o último dia 24 de março o Brasil já havia exportado +2.393.513 sacas (projetando novamente uma exportação para o mês de março acima dos +3.000.000 sacas)! Simulando uma exportação para os próximos 3 meses (abril/maio/junho-22) em +2.50M / +2,00M / +1,50M respectivamente, então o Brasil terá exportado +9.608.000 sacas do estoque de passagem da safra 20/21 para a safra 21/22!
Os estoques certificados voltaram a subir e terminaram a sexta-feira em +1.143.629 sacas do café tipo arábica e +1.625,833 saca do café tipo robusta (com o Brasil exportando aproximadamente +13.500.000 sacas entre dez-21/março-22, junto com as exportações das outras origens – Vietnam e América Central – essa recomposição nos estoques já era esperado).
A guerra já completou 1 mês! A inflação global também já é um fato. O petróleo tipo Brent terminou a semana @ 119,24 US$/barril e o petróleo tipo WTI @ 112,58 US$/barril!
Acreditamos que no curto prazo o mercado poderá cair ainda -1.500/-2.000 pontos, buscando o custo de produção do Brasil, estimado entre 900-1.100 R$/saca.
Existem muitas variáveis que precisamos seguir monitorando nas próximas semanas/meses, tais como: exportações brasileiras nos próximos 3 meses; variação dos estoques certificados; aumento/redução do consumo nos Estados Unidos, Europa e China; índice “estoque x consumo”; principalmente clima no Brasil, América Central, e Vietnã; e os desdobramentos dos efeitos da guerra.
Como sempre, cuidado com as operações alavancadas, acumuladores, operações estruturadas que “aparecem/desaparecem/dobram”!
Ótima semana a todos!