PERSPECTIVA DE 2023 - O setor cafeeiro nacional deve registrar novamente um ano desafiador. No curto prazo, ainda há incertezas quanto ao volume a ser colhido, sobretudo no Brasil. Do lado da demanda, a economia mundial registrando crescimento tímido e o cenário inflacionário são fatores que podem atrapalhar o consumo de café ao longo do ano. Para o arábica, mesmo com o clima favorável na maior parte das regiões produtoras brasileiras nos últimos meses de 2022, muitos agentes estão receosos com o volume a ser colhido da variedade na próxima safra (2023/24). Apesar de o Brasil ter registrado inicialmente boas floradas para a temporada 2023/24, o parque cafeeiro de arábica nacional carrega ainda sequelas dos últimos anos mais secos que o normal e das geadas registradas em 2021, que danificaram fortemente parte das lavouras. Vale ressaltar, ainda, que 2022 também foi marcado por elevados custos de produção, devido à forte alta nos preços de insumos agrícolas, contexto que limitou o tratamento adequado para recuperar os cafezais.
Quanto ao robusta, o cenário climático e o desenvolvimento da safra 2023/24 têm sido um pouco mais preocupantes que o verificado para o arábica. Isso porque o segundo semestre de 2022 foi mais seco que nos últimos anos no Espirito Santo, e o desenvolvimento inicial da safra apresentou um alto percentual de desfolha, que atrapalharam o pegamento das flores e o desenvolvimento da safra. Do lado da demanda pela variedade, o cenário ainda é positivo, já que o consumo interno deve seguir em bons volumes em 2023, assim como registrado ao longo do segundo semestre de 2022 – ressalta-se que grande parte da produção do robusta é consumida internamente. Para as exportações, o Real desvalorizado deve seguir favorecendo a competitividade do produto brasileiro, proporcionando bom desempenho dos embarques com valores próximos aos embarcados em anos anteriores.
JANEIRO - O mês de janeiro foi marcado pelo retorno mais firme das negociações de cafés arábica e robusta no mercado doméstico, devido à maior necessidade por parte da indústria, muito típico para este período. Vale lembrar que, nos meses anteriores, o ritmo de comercialização estava praticamente estagnado, uma vez que a intensa oscilação de preços e o certo estoque adquirido anteriormente por compradores mantiveram agentes afastados do spot nacional. Mesmo com os preços oscilando ao longo de janeiro, o movimento de alta prevaleceu, com o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, operando acima dos R$ 1.000,00/saca de 60 kg em boa parte da segunda quinzena. No dia 31, o Indicador fechou a R$ 1.103,18/saca de 60 kg, acumulando forte alta de 6,3% no mês. No ambiente externo, os contratos futuros negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) avançaram no final de janeiro, influenciados por recuperações técnicas após intensas perdas em meados de janeiro. No começo de ano, intensas chuvas em regiões produtoras brasileiras e estimativas da Conab indicando maior produção para esta safra 2023/24 pressionaram os contratos internacionais. O vencimento Março/23 do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures) encerrou o dia 31 a 181,75 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 6,88% frente ao encerramento de dezembro.
As chuvas ocorridas nos cafezais em janeiro tiveram importante influência para o desenvolvimento e enchimento dos grãos. No entanto, o alto volume de precipitação trouxe preocupações quanto a proliferações de doenças no campo. Os valores do robusta também retomaram a sequência de altas em janeiro, voltando a casa dos R$ 700/saca de 60 kg para o tipo 6 no final do mês. O impulso veio da maior presença de compradores. Já vendedores se mantiveram retraídos em boa parte do mês, aguardando aumentos mais intensos nos preços e realizando negócios apenas quando necessário. O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima terminou o dia 31 de janeiro a R$ 703,63/sc, elevação de 0,84% no acumulado do mês. O tipo 7/8 fechou a R$ 690,85/sc, alta de 0,67% no mesmo período.