O setor cafeeiro nacional deve registrar novamente um ano desafiador. No curto prazo, ainda há incertezas quanto ao volume a ser colhido, sobretudo no Brasil. Do lado da demanda, a economia mundial registrando crescimento tímido e o cenário inflacionário são fatores que podem limitar o consumo de café. Para o arábica, mesmo com o clima favorável na maior parte das regiões produtoras brasileiras nos últimos meses de 2022, muitos agentes consultados pelo Cepea estão receosos com o volume a ser colhido da variedade na próxima safra (2023/24). Apesar de o Brasil ter registrado inicialmente boas floradas para a temporada 2023/24, o parque cafeeiro de arábica nacional carrega ainda sequelas dos últimos anos mais secos que o normal e das geadas registradas em 2021. Já para o robusta, o cenário climático e o desenvolvimento da safra 2023/24 têm sido um pouco mais preocupantes, devido ao tempo mais seco no segundo semestre de 2022 no Espirito Santo. Além disso, o desenvolvimento inicial da safra apresentou um alto percentual de desfolha, o que atrapalhou o pegamento das flores e o desenvolvimento da safra.
ARROZ: OFERTA PODE SER A MENOR OFERTA EM 21 ANOS
O setor agrícola do arroz espera que o ano de 2023 siga com preços firmes, em linha com o observado no segundo semestre de 2022, fundamentados na menor oferta prevista para a atual temporada – o Brasil pode colher a safra mais baixa em 21 anos, o que, por sua vez, se deve à redução da área destinada à cultura. Pesquisadores do Cepea ressaltam que o clima seco em partes da região Sul pode reforçar a queda na produção nacional, levando a colheita para o menor volume do século. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Brasil, a produção da safra 2022/23 deve cair 3,81%, somando 10,38 milhões de toneladas. A diminuição na área é de 9,51%. Em termos mundiais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam queda de 2,3% na produção do arroz beneficiado na safra 2022/23 em relação à anterior, somando 503,3 milhões de toneladas.
ALGODÃO: ESTIMATIVA É DE AUMENTO NA PRODUÇÃO BRASILEIRA EM 2023
Diante da boa rentabilidade apresentada ao longo dos últimos anos, o setor produtivo de algodão em pluma deve elevar a área com a cultura nesta temporada 2022/23. Porém, a possibilidade de redução na economia mundial, devido ao ambiente inflacionário e a casos de covid-19 na China, segue preocupando os agentes consultados pelo Cepea. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta aumento na produção brasileira da safra 2022/23, de 16,6% frente à temporada 2021/22, chegando a 2,973 milhões de toneladas, o que seria o segundo maior volume da história. Este deve ser o resultado da produtividade de 1.815 kg/ha (crescimento de 13,9% frente à safra 2021/22) e da elevação na área semeada, de 2,3%, somando 1,638 milhão de hectares. Por enquanto, agentes consultados pelo Cepea indicam que o clima tem favorecido a semeadura e o desenvolvimento da safra. Cotonicultores, no entanto, seguem atentos à elevação nos custos de produção, sobretudo com os fertilizantes.